Publicado em: 11/12/2024 às 16:00hs
A pecuária brasileira, com mais de 200 milhões de cabeças de gado e representando 6,6% do PIB em 2023, é um dos pilares econômicos do país, gerando aproximadamente R$ 750 bilhões. Contudo, também é responsável por uma parcela significativa das emissões de gases de efeito estufa, como metano e óxido nitroso. Um estudo realizado pelo OCBio/FGV, em parceria com a Fauna Projetos e o Instituto Inttegra, revelou dados positivos: 76% das fazendas brasileiras adotam práticas de baixo impacto ambiental, e 31% delas absorvem mais carbono do que emitem.
Exemplos como o Confinamento Pontal, liderado pelo zootecnista Fabiano Tavares, mostram que é possível adotar práticas inovadoras para tornar a produção pecuária mais sustentável. Tavares implementou uma dieta densa para o gado, resultando na redução de até 90% das emissões de metano. Este avanço representa um caminho promissor para a sustentabilidade no setor, desafiando métodos tradicionais de produção.
Estudos apontam que práticas sustentáveis podem impulsionar a pecuária em direção a um modelo mais verde, com foco em estratégias como a recuperação de áreas de pastagem e a melhoria da eficiência produtiva, essenciais para a redução das emissões de gases de efeito estufa.
Modificações na dieta do gado podem gerar uma redução substancial na emissão de metano. Substituir volumosos, como capim e silagem, por alimentos mais nutritivos, como farelo de soja e subprodutos de cana-de-açúcar, pode diminuir as emissões e acelerar o desenvolvimento do gado, reduzindo também o tempo de abate. De acordo com estudos da USP, mudanças alimentares podem levar a uma redução de até 80% na emissão de metano. A adição de aditivos como o tanino pode reduzir até 30% do restante das emissões.
Fabiano Tavares destaca que a intensificação das práticas foi essencial para o crescimento de sua produção. “Abandonamos métodos tradicionais e focamos em práticas que aumentassem a eficiência sem comprometer o meio ambiente”, afirma. Ele também destaca que uma das mudanças mais significativas foi a criação, em 2004, de uma dieta mais densa para os animais, o que não apenas aumentou a produtividade, mas também reduziu as emissões de metano em 90%.
Além disso, o pasto, por meio da fotossíntese, desempenha um papel fundamental na absorção de CO₂ da atmosfera, contribuindo para a "descarbonização" local. Solos bem manejados e com cobertura vegetal adequada também são essenciais para maximizar a captura de carbono.
Apesar dos avanços, a adoção de práticas sustentáveis em larga escala enfrenta desafios econômicos e técnicos. Fabiano Tavares destaca a necessidade de convencer os produtores e consumidores a adotarem essas tecnologias. “Convencer os produtores e os consumidores a adotarem essas práticas é essencial para aumentar a produção de carne ecologicamente correta”, explica.
Para ele, o suporte a essa transição pode vir por meio de políticas públicas que incentivem a sustentabilidade no setor, além de financiamentos específicos para projetos de pecuária com baixo impacto ambiental. A redução das emissões de metano, que permanecem por cerca de oito anos na atmosfera, é um fator crucial para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. “A utilização de práticas específicas de manejo e dieta pode representar uma alternativa viável para alcançar uma produção pecuária mais sustentável”, conclui Tavares.
Fonte: Portal do Agronegócio
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