Meio Ambiente

Fogões ecológicos reduzem consumo de lenha pela metade e melhoram a vida de pequenos agricultores

Fogão ecológico permite uma redução de até 50% no volume de lenha consumida


Publicado em: 10/08/2012 às 12:50hs

Fogões ecológicos reduzem consumo de lenha pela metade e melhoram a vida de pequenos agricultores

Para quem vive da agricultura, o alimento tem um sabor ainda mais especial. Além de fonte de renda, o que sai da lavoura é fruto de orgulho, compartilhado com parentes, clientes e a comunidade. E para quem mora em regiões agrícolas mais isoladas, produzir em sintonia com a sustentabilidade pode se transformar em um desafio. Foi o caso de Maria Quitéria de Aquino, pequena agricultura de Murici, no interior de Alagoas. Responsável pela subsistência de seis pessoas, Maria tem uma pequena lavoura em uma área próxima à humilde casa construída dentro da comunidade rural Che Guevara. As frutas e os temperos, que mostra orgulhosa aos visitantes, viram fonte de renda por meio de doces e pratos vendidos na feira de Murici. Entretanto, produzir as receitas não era uma tarefa tão fácil já que, para que se transformassem em realidade, era necessária a utilização de fogões de barro alimentados por lenha colhida da Mata Atlântica que circunda o município. “A fumaça que vinha em nossa direção me prejudicava bastante. As crianças não conseguiam chegar nem perto”, lembra a agricultura.

Um passado que não deixa saudades para Maria Quitéria e cerca de 400 pessoas que estão colhendo os frutos da substituição de fogões de barro tradicionais por fogões mais eficientes quanto ao consumo de lenha. O projeto, levado a 80 famílias de baixa renda das comunidades rurais Dom Helder e Che Guevara, em Murici, interior de Alagoas, contribui para a preservação da Mata Atlântica, além de proporcionar a melhoria da saúde desses agricultores, que em geral trazem da mata, nos próprios braços, a lenha para uso doméstico. Outro benefício considerável é proporcionado pela instalação de chaminés, que tiram de dentro de casa a fumaça antes inalada por adultos e crianças durante o preparo dos alimentos. “Depois desses fogões, melhorou muito nossa vida aqui. E a gente percebe como o desmatamento prejudica. Quando fica muito tempo sem chover, as frutas vão murchando”, conta Maria Qutéria, que recebeu recentemente um dos ecofogões em sua casa.

Realizado pelo Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan) e pela Associação para a Proteção da Mata Atlântica do Nordeste (Amane), o projeto dos ecofogões tem o apoio da Monsanto e da ONG Conservação Internacional (CI), por meio do Programa Produzir e Conservar, além do Fundo Ecomudança do Banco Itaú. “A redução no volume de lenha consumida pelas 80 famílias atendidas chega a 50%, o que representa em torno de 250 quilos de madeira para cada família, em um ano”, compara o diretor de projetos do Cepan, Severino Rodrigo Ribeiro.

A partir de uma pesquisa que mostrou o impacto da extração de lenha para uso doméstico por comunidades rurais que vivem próximas a áreas remanescentes de Mata Atlântica, e após avaliação dos fatores que levam as famílias a utilizar fogões à lenha, como distância de centros urbanos, questões econômicas, tradição e sabor da comida, foi identificada a oportunidade de promover a diminuição do corte de árvores com a implementação de fogões eficientes que consomem menos lenha. O ecofogão possui uma câmera de combustão mais eficiente, que intensifica o calor e uma chaminé integrada que evita a propagação de fumaça e fuligem no interior das casas.

Próximos passos

A implementação dos ecofogões faz parte do programa Produzir e Conservar, desenvolvido em parceria pela Monsanto e pela ONG Conservação Internacional. O projeto tem como objetivo a preservação ambiental em paisagens agropecuárias do Corredor de Biodiversidade do Nordeste (Mata Atlântica), que abrange os estados de Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte, e do Corredor de Biodiversidade Jalapão-Oeste da Bahia (Cerrado). “É gratificante participar de projetos desse nível, capazes de melhorar a realidade das pessoas e conservar o meio ambiente. Esse tipo de ação está totalmente em linha com o compromisso assumido pela Monsanto de produzir mais, conservando mais os recursos naturais e melhorando a vida das pessoas”, diz Gabriela Burian, gerente de Sustentabilidade da Monsanto do Brasil.

O desafio agora é expandir a ação para outras localidades na porção da Mata Atlântica mais ameaçada do Brasil e viabilizar a criação de núcleos de capacitação para que as próprias comunidades produzam os ecofogões. “Com os dados levantados podemos enquadrar o projeto em uma estratégia de desmatamento evitado de acordo com o REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal), mecanismo reconhecido pela ONU (Organização das Nações Unidas), que pode gerar créditos de carbono. Assim poderemos ampliar o alcance da ação”, afirma Severino Ribeiro. A expectativa dos parceiros é levar o projeto em breve para a Paraíba.

Fonte: Monsanto em Campo

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