Meio Ambiente

Brasil Pode Liderar Transição Verde com Bioeconomia Estruturada

Webinar Debate Caminhos para a Bioeconomia na COP30


Publicado em: 18/06/2024 às 11:40hs

Brasil Pode Liderar Transição Verde com Bioeconomia Estruturada

A bioeconomia é um setor chave que demanda colaboração entre diversos atores para alcançar um objetivo comum. Para que isso aconteça, é necessário desenvolver os biomas de forma integrada, priorizando a preservação ambiental e contemplando os aspectos econômicos e sociais. "É um caminho a ser seguido de forma estruturada", afirmou Talita Priscila Pinto, coordenadora do Observatório de Bioeconomia da Fundação Getulio Vargas (FGV), durante o webinar "ABAGTALKS: Caminhos da Bioeconomia para a COP30", promovido pela Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) na última segunda-feira, 17 de junho.

Segundo Talita, o Brasil deve identificar e superar as dificuldades e lacunas existentes, aproveitando seu potencial de desenvolvimento sustentável e de prestação de serviços ambientais. O país tem diversas iniciativas já implementadas que podem ser ampliadas para fortalecer a bioeconomia, gerando benefícios tanto internamente quanto globalmente. Ela também destacou a importância da biossegurança, que, quando bem estruturada, aumenta a escala de produção e melhora a percepção pública sobre a bioeconomia.

Talita ressaltou que a falta de definição e padronização do que constitui a bioeconomia dificulta a uniformização de estratégias, impactando a captação de recursos externos e investimentos, além da avaliação de sustentabilidade de produtos por meio da Avaliação do Ciclo de Vida (ACV).

O evento, mediado por Nina Ploger, cofundadora da IPDES e membro do Comitê de Sustentabilidade da ABAG, contou também com a participação de Marcello Brito, secretário-executivo do Consórcio Amazônia Legal. Brito enfatizou que as transformações bioeconômicas são guiadas pela ciência e tecnologia, citando o setor de papel e celulose como exemplo de um mercado revitalizado e essencial para a economia global, substituindo plásticos e transformando resíduos em ativos valiosos.

Brito abordou ainda a mudança de mentalidade necessária para a bioeconomia e a importância do Código Florestal brasileiro. Ele mencionou a nova geração de consumidores da Ásia-Pacífico, que será a maior concentração de classe média até 2030, e como o Brasil pode se inserir de maneira assertiva nesse mercado internacional. Brito destacou que a ampliação da presença brasileira nos mercados internacionais trará mais recursos e desenvolvimento, permitindo o uso de ativos ambientais na agenda da bioeconomia.

Ele também discutiu o desenvolvimento sustentável da Amazônia, que enfrenta desafios socioeconômicos significativos. Brito afirmou que é necessário um consenso sobre logística, transporte, mão de obra, economia, segurança pública, e condições federais, estaduais e municipais para promover a bioeconomia na região.

Rumo à COP30

Brito observou que a COP30, que será realizada em Belém, no Pará, em novembro de 2025, definirá a plataforma econômica global para a próxima década. Ele enfatizou a necessidade de uma agenda brasileira construída com inteligência estratégica. "Estamos a dezessete meses do evento, e a sociedade civil organizada deveria estar se reunindo para discutir as pautas prioritárias", alertou.

Talita complementou, destacando a necessidade de um planejamento estratégico que contemple todas as vertentes da bioeconomia, com metas e indicadores claros para posicionar o Brasil na liderança desse setor. Ela apontou que uma organização interna eficaz permitirá que o Brasil apresente sua própria agenda nacional, em vez de ter uma agenda definida por outros países.

Perspectivas Futuras

Durante o webinar, Nina Ploger perguntou aos debatedores sobre suas perspectivas para os próximos 15 a 20 anos. Talita analisou que a transição para sistemas sustentáveis ganhará mais importância e, se bem estruturada, poderá posicionar o Brasil como líder na discussão global sobre bioeconomia. Brito concluiu que o futuro dependerá do posicionamento atual do Brasil na construção de um projeto de bioeconomia que beneficie todos os setores e o país como um todo.

Fonte: Portal do Agronegócio

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