Meio Ambiente

Abelhas: Guardiãs da Economia e da Biodiversidade

O papel essencial das abelhas para o agronegócio e o meio ambiente diante de ameaças crescentes


Publicado em: 12/12/2024 às 08:00hs

Abelhas: Guardiãs da Economia e da Biodiversidade

Casos recentes de mortes massivas de abelhas, como a investigação em Lontra, no interior de São Paulo, envolvendo três milhões de indivíduos, e o registro de nove milhões de abelhas mortas em Goiás, acenderam um alerta sobre os impactos desse fenômeno para a economia e o meio ambiente. As suspeitas recaem sobre o uso de agrotóxicos proibidos, reforçando a necessidade de atenção à preservação desses insetos fundamentais.

Mais do que produtoras de mel, as abelhas desempenham um papel crucial na polinização, processo essencial para a reprodução de mais de 75% das culturas alimentares globais e 85% das plantas com flores. A doutora em Ciências Biológicas e professora do Programa de Pós-Graduação em Gestão Ambiental da Universidade Positivo (UP), Cíntia Mara Ribas de Oliveira, destaca que a polinização feita por abelhas nativas resulta em frutos e sementes viáveis, essenciais para espécies de alto valor econômico e ambiental, como o café e o açaí.

Impactos na Agricultura: Sustentabilidade e Produtividade

No Brasil, as abelhas são indispensáveis para culturas de exportação e consumo interno, como café, soja, maracujá e laranja. A polinização mediada por esses insetos pode elevar a produtividade em até 30%, especialmente em cultivos tropicais polinizados por espécies nativas sem ferrão.

No caso do café, por exemplo, além do aumento na produção, a qualidade dos grãos é significativamente melhorada. Outras plantas, como cajueiro, goiabeira e castanheira-do-Brasil, também dependem diretamente das abelhas para manter uma produção sustentável.

Além disso, a polinização impacta a fauna, beneficiando animais que consomem frutos polinizados, como pássaros frugívoros, insetos herbívoros e pequenos mamíferos. Relações de mutualismo entre abelhas e algumas espécies de aves também podem ser prejudicadas pela perda da diversidade desses insetos.

Preservação Ambiental e Serviços Ecossistêmicos

As abelhas também desempenham um papel vital em serviços ecossistêmicos que vão além da agricultura, como a regulação do clima e a conservação de recursos hídricos. Plantas polinizadas ajudam no ciclo hidrológico e na fixação de carbono, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas.

No Brasil, a polinização sustenta a biodiversidade dos seis biomas principais — Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pantanal e Pampa. No Cerrado, por exemplo, frutos como pequi e baru dependem diretamente das abelhas. A perda desses polinizadores poderia levar a uma drástica redução da diversidade vegetal, comprometendo ecossistemas inteiros e afetando espécies herbívoras e predadoras.

Os Riscos da Extinção: Consequências Econômicas e Ambientais

A extinção das abelhas traria impactos devastadores para o meio ambiente e a humanidade. Para o agronegócio, a ausência de polinizadores no Brasil comprometeria a produção de culturas essenciais e reduziria a biodiversidade em várias regiões, aumentando a vulnerabilidade à degradação ambiental.

Cíntia Ribas de Oliveira estima que o valor econômico da polinização no Brasil atinja bilhões de reais anualmente. A perda das abelhas tornaria as práticas agrícolas mais caras e menos produtivas, encarecendo os alimentos e afetando a segurança alimentar.

"A falta de polinização natural reduziria a qualidade nutricional dos frutos e vegetais, comprometendo diretamente a saúde e a economia do país", alerta a especialista.

Conclusão: Proteger as Abelhas é Proteger o Futuro

As abelhas são peças-chave na manutenção da biodiversidade, na produtividade agrícola e na estabilidade econômica. Diante dos desafios impostos por práticas inadequadas, como o uso de agrotóxicos proibidos, e pelos impactos das mudanças climáticas, investir na preservação desses insetos é essencial para garantir um futuro sustentável e próspero.

Fonte: Portal do Agronegócio

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