Publicado em: 19/01/2010 às 10:27hs
No Rio Grande do Sul, por exemplo, perdas causadas por temporais e enchentes, em poucos meses, foram estimadas em 3,5 bilhões de reais, ainda no final de 2009. Em nível nacional, o estudo Economia da Mudança do Clima no Brasil: Custos e Oportunidades, lançado em novembro, prevê perdas entre 719 bilhões e 3,6 trilhões de reais até 2050, em conseqüência direta das mudanças climáticas.
O levantamento, felizmente, também aponta investimentos que podem e devem ser realizados para evitar ou reduzir esses prejuízos, como indica os setores nos quais será possível cortar emissões de gases de efeito estufa. O estudo foi elaborado por 11 instituições, como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). O trabalho aponta investimentos indispensáveis à prevenção de grandes perdas econômicas com as alterações climáticas, estimando a necessidade de, pelo menos, 104 bilhões de reais, somente na agricultura, setor energético, cidades costeiras atingidas pela elevação do nível do mar e políticas públicas.
Na agropecuária, serão indispensáveis investimentos de 65 milhões de reais por ano, aplicados em modificação genética de culturas como o arroz e a soja, visando sua adaptação à mudança do clima. O benefício seria de 8,2 e 16, 7 vezes o custo, respectivamente. O setor elétrico exigirá investimentos de 51 bilhões de dólares na instalação de novas unidades de geração de energia, compensando perda de capacidade de hidrelétricas com a diminuição da vazão dos rios, devido à redução de chuvas nas regiões Norte e Nordeste. O relatório sugere como alternativas o gás natural, bagaço de cana e energia eólica. A proteção das áreas costeiras exigirá 3,72 bilhões de reais até 2050 ou cerca de 93 milhões por ano.
Para a diminuição das emissões brasileiras de gases poluentes, o estudo aponta a manutenção e expansão da cobertura florestal, os biocombustíveis e a taxação de carbono. A substituição de derivados de petróleo por etanol, por exemplo, pode evitar o lançamento de volume de 187 milhões a 362 milhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera. A taxação do carbono, entre 30 e 50 dólares por tonelada emitida, por sua vez, poderia reduzir o lançamento de gases poluentes entre 1,16% e 1,87%.
O estudo igualmente destaca a importância da redução do desmatamento na Amazônia, com o pagamento da manutenção da floresta. O preço médio de carbono na Amazônia seria de três dólares a tonelada ou 450 dólares por hectare, desestimulando a expansão entre 70% e 80% da pecuária na região.
Nós defendemos a adoção do mesmo sistema de remuneração do serviço ambiental do plantio ou preservação de matas nativas e comerciais em todo o País, premiando os agricultores que investem em ações benéficas para toda a sociedade. O estudo merece a nossa e a reflexão das instituições responsáveis, até pelo fato de haver sido inspirado em trabalho semelhante da Inglaterra. No ano de 2006, ele estimou o custo da mudança climática em 20% do PIB global e orçou investimentos de 1% das riquezas geradas no planeta para evitar ou reduzir perdas causadas pelo aquecimento global.
Dilceu Sperafico - O autor é deputado federal pelo Paraná - E-mail: dep.dilceusperafico@camara.gov.br
Fonte: Assessoria de Imprensa da Ocepar/Sescoop-PR
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