O que podemos aprender com a tsunami alemã?

A falta de estrutura, a falta de política agrícola, a falta de diálogo e de governança entre ministérios ligados ao setor, a luta de facções egocêntricas, tanto de governo quanto da iniciativa privada...


Publicado em: 10/07/2014 às 00:00hs

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Por José Luiz Tejon Megido, Diretor Vice Presidente de Comunicação do Conselho Cientifico para a Agricultura Sustentável (CCAS), Dirige o núcleo de agronegócio da ESPM, Comentarista da Rede Estadão-ESPN.

Dia 8 de julho, uma bomba atômica explodiu o futebol brasileiro (um mês antes da memória das explosões nucleares de Hiroshima e Nagasaki). Não resisti e fiz um artigo a respeito da necessária reforma, de estrutura, modelos, lideranças e gestão da coisa. Mas, para o nosso comentário fica aqui a provocação.

O que podemos aprender com a tsunami alemã, dos 7x1, em cima da legião estrangeira de brasileiros da nossa Seleção, e um modelo de agregação e arrecadação de valores no exterior, e não no país, que tem ilações com o nosso agronegócio. Hoje o salvador da economia, da balança de pagamentos, ali, raspando o fio da navalha, o agronegócio. E totalmente dependente da soja, açúcar, carnes, café, algodão, suco de laranja, milho. E vamos estacionando por aí. E salvos por um mega cliente chinês, ávido para assegurar a sua segurança alimentar, transformando proteína vegetal em proteína animal para sua população.

A falta de estrutura, a falta de política agrícola, a falta de diálogo e de governança entre ministérios ligados ao setor, a luta de facções egocêntricas, tanto de governo quanto da iniciativa privada, o distanciamento da indústria e do comércio, como elos sagrados do agribusiness, propiciando cada vez mais a venda dos jogadores, a matéria-prima e não do espetáculo, os produtos transformados com marcas gerando fãs e receitas industriais, de comércio e de serviços.

Na primeira oscilação de preços das commodities, e basta a soja apontar para um crescimento da área norte-americana, e seus preços diminuírem levemente, parcelas consideráveis de produtores rurais brasileiros entrarão no prejuízo, pois não mais do que 1/3 atua e opera em estágios elevados de gestão, custo, produtividade e conexões econômicas e financeiras superiores (vide o baque concreto dos cafeicultores em 2013/2014).

Os 7x1 podem ser um suave aviso dos deuses amigos, sobre o que o campo do futebol pode nos alertar para todos os demais campos, da gestão, da política, da liderança, do agronegócio e de todos os grandes setores produtivos do país. Uma derrota no futebol dói, faz sofrer, mas passa. Uma igual a essa na gestão do Brasil, não só faz doer, ela mata, literalmente.

Clubes brasileiros falidos, CBF rica, e meia dúzia de jogadores pop stars com seus amigos, famílias, clubes e casas globalizados e nos paraísos europeus, formando uma legião estrangeira de brasileiros, não significam mais nada para o país. Da mesma forma, se não protegermos os 5 milhões de produtores do país, se não os integrarmos ao agronegócio da tecnologia, da gestão, das agroindústrias, dos serviços e comércio, e ao cooperativismo, não serão 1% deles que irão fazer verão, ou a produção salvadora da nação.

Que nos valham os 7x1 do futebol para um repensar do agronegócio, e de outros entornos da nação. Registrando ainda que a Alemanha, no agronegócio, é o terceiro maior exportador do planeta, acima do Brasil, e somente abaixo dos Estados Unidos e da Holanda. Ficamos com o 4º lugar no campeonato global do agribusiness. Vamos ver nesta Copa, talvez, também.

Sobre o CCAS

O Conselho Científico para Agricultura Sustentável- CCAS é uma organização da Sociedade Civil, criada em 15 de abril de 2011, com domicilio, sede e foro no município de São Paulo-SP, com o objetivo precípuo de discutir temas relacionados à sustentabilidade da agricultura e se posicionar, de maneira clara, sobre o assunto.

O CCAS é uma entidade privada, de natureza associativa, sem fins econômicos, pautando suas ações na imparcialidade, ética e transparência, sempre valorizando o conhecimento científico.

Os associados do CCAS são profissionais de diferentes formações e áreas de atuação, tanto na área pública quanto privada, que comungam o objetivo comum de pugnar pela sustentabilidade da agricultura brasileira. São profissionais que se destacam por suas atividades técnico-científicas e que se dispõem a apresentar fatos concretos, lastreados em verdades científicas, para comprovar a sustentabilidade das atividades agrícolas.

A agricultura, apesar da sua importância fundamental para o país e para cada cidadão, tem sua reputação e imagem em construção, alternando percepções positivas e negativas, não condizentes com a realidade. É preciso que professores, pesquisadores e especialistas no tema apresentem e discutam suas teses, estudos e opiniões, para melhor informação da sociedade. É importante que todo o conhecimento acumulado nas Universidades e Instituições de Pesquisa seja colocado à disposição da população, para que a realidade da agricultura, em especial seu caráter de sustentabilidade, transpareça.

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Fonte: Tatiana Freitas

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