Doença pode causar grande prejuízo ao produtor de ovelhas e cabras

A pododermatite ou pododermatite contagiosa está entre as doenças que causam os maiores prejuízos aos rebanhos de ovinos, principalmente nos períodos com grandes oscilações de umidade e calor. Ela também é conhecida como pietin, foot-rot, podridão dos cascos, manqueira ou peeira


Publicado em: 05/08/2010 às 11:15hs

...

Também conhecida como manqueira, a pododermatite tem duas formas clínicas: a benigna e a virulenta ou agressiva. Na forma benigna as lesões não são progressivas, estão limitadas aos tecidos moles do casco e há uma regressão natural com o advento do clima quente. A forma virulenta ou agressiva se caracteriza por descolamento da parte dura do casco e destruição de todos os tecidos que formam esse órgão.

A pododermatite contagiosa ataca essencialmente os caprinos e os ovinos. Quando o produtor observar mudanças no caminhar, mancar levemente (claudicar) é o momento de começar o tratamento. Além desse sintoma, a pododermatite contagiosa se caracteriza ainda pelo cheiro pútrido e descolamento dos cascos. O período de incubação é muito variável, geralmente de 10 a 14 dias e os sintomas dependem fundamentalmente do estado das pastagens, virulência da amostra do Dichelobacter nodosus, duração da doença, número de patas afetadas e complicações secundárias.

A infecção se desenvolve pelos tecidos moles e casco, provocando o seu descolamento. O processo é acompanhado de reação dolorosa, levando o animal a claudicar acentuadamente e caminhar com dificuldade. Quando a infecção atinge outras patas, há uma tendência de o animal ajoelhar-se ou permanecer deitado, dificilmente caminhando a procura de alimento. Em tais condições, o animal não se alimenta convenientemente, cai sua resistência aos agentes infectantes, os reprodutores perdem a capacidade de monta, há um emagrecimento progressivo, podendo chegar à morte.

Controle

Para o controle da pododermatite é preciso levar em conta que se trata de uma doença que tem caráter infeccioso, crônico e variáveis extremamente complexas. Assim, o seu controle deve se estender por longos períodos de tempo. É importante o conhecimento do problema na região e um rigoroso controle no intercâmbio de animais.

Na implantação de um programa de controle, algumas variáveis importantes devem ser cuidadosamente observadas como implantação de atividades preventivas durante todo o ano, adaptação das ações aos manejos curativo e preventivo do rebanho e a correta preparação do tratador.

Tendo toda estrutura necessária e os tratadores habilitados, o tratamento preventivo deve ser iniciado no período mais quente do ano, quando as condições de disseminação das diferentes infecções dos cascos são bastante limitadas.

É preciso realizar a avaliação do rebanho. Diferentes problemas de casco podem ser observados, entre os quais os processos micóticos, crescimento de unhas, dermatite entre os dedos, contusões, seqüelas de doenças específicas ou não específicas dos cascos e problemas inflamatórios em geral.

Os rebanhos devem ser separados em animais doentes e sãos, quando então serão adotadas as primeiras medidas de higienização. Os rebanhos devem ser colocados em pastos distintos por um período nunca inferior a três semanas e em condições de pouca umidade do solo.

Devem ser evitadas a superpopulação de animais, pois pode facilitar a constância de novos focos, em ambientes contaminados. Inspeção e corte de cascos são operações importantes na manutenção do bom estado clínico dos animais. O intervalo de tempo para se aparar as unhas ou cascos é muito variável, havendo estreita relação com o tipo de solo, se seco, úmido, arenoso, pedregoso, entre outros.

A separação dos animais doentes é uma medida comum no manejo preventivo das doenças em geral. No caso dos problemas do casco, ao menor sinal de claudicação do animal deve ser processada uma avaliação rigorosa do seu sistema locomotor. Nos processos infecciosos em geral e, particularmente, na pododermatite contagiosa, os animais devem ser separados até a cura completa.

As medidas gerais de higiene das instalações e pastagens, os processos de desinfecção, o descarte de animais que freqüentemente se contaminam ou que estão com a pododermatite contagiosa crônica, a compra de animais sadios, visitas, o uso de quarentena, são medidas que devem ser consideradas no controle ou na erradicação das doenças de casco.

Pela ação curativa e preventiva no combate à pododermatite, o uso de vacina não deve ser negligenciado. Geralmente as vacinas contra pododermatite contagiosa são aplicadas, inicialmente, com intervalos de 30 dias, com revacinações estratégicas, iniciadas antes dos períodos mais predisponentes à doença. Confere aproximadamente 80% de proteção ao rebanho, por um período de até quatro meses. O sucesso da vacinação está na dependência de um rígido plano de manejo sanitário.

A Embrapa Tabuleiros Costeiros preparou Circular Técnica com orientações sobre os cuidados preventivos e tratamento dos problemas de casco. Nesse caso, entre na página http://www.cpatc.embrapa.br/publicacoes_2006/ct-44.pdf. Nesse arquivo, o produtor poderá encontrar um sistema de manejo profilático para ovinos e caprinos.

No caso de grandes rebanhos, recomendamos um sistema de manejo para tratamento em larga escala. Para isso, visite o portal da Embrapa Tabuleiros Costeiros,  Circular Técnica nº 34 no seguinte endereço: http://www.cpatc.embrapa.br/download/CT34.pdf .

Amaury Apolonio de Oliveira é pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros

Fonte: Embrapa Tabuleiros Costeiros

◄ Leia outros artigos