Publicado em: 18/09/2013 às 15:10hs
Piracicaba vai receber a primeira unidade integrada de etanol de segunda geração (2G) do mundo. O projeto financiado BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), possibilita maior produtividade, com redução da necessidade de expansão da área agrícola para a produção de biocombustíveis. O investimento é de R$ 207,7 milhões e foi aprovado na última semana. A nova unidade industrial será construída na Usina Costa Pinto e produz etanol a partir da biomassa da cana-de-açúcar. É o primeiro projeto no mundo que utiliza tecnologias para conversão do bagaço e da palha da cana em escala industrial totalmente integradas ao processo de etanol convencional, obtido a partir do caldo da cana-de-açúcar.
"O etanol é chamado de segunda geração porque é produzido a partir de uma matéria-prima que tem a base celulósica. "A primeira geração é o caldo da cana. A palha e o bagaço são segunda geração", explica o presidente da Coplacana (Cooperativa dos Plantadores de Cana-de-Açúcar do Estado de São Paulo), Arnaldo Antonio Bortoletto. "O etanol por meio desta tecnologia é mais puro. Além disso, gera renda com um subproduto que seria descartado. A iniciativa visa a 100% a sustentabilidade", acrescenta.
A unidade terá capacidade anual de produção de etanol 2G de 40 milhões de litros. O empreendimento é de propriedade da Raízen Energia, uma associação entre a Cosan, grupo brasileiro de energia e infraestrutura, e a Shell.
O prazo para a realização do empreendimento é de dois anos — a partir do segundo semestre de 2013. Os recursos são do BNDES PSI Projetos Transformadores e da linha Investimentos Sociais.
"Piracicaba é o berço da cana-de-açúcar e é um importante polo ligado ao setor sucroenergético. Receber uma unidade com esta tecnologia consolida a cidade e mostra sua força no segmento", afirma Botoletto.
Ainda de acordo com o presidente da Coplacana, o etanol 2G custa mais. Para se tonar viável são necessários investimentos e a instalação da primeira unidade é o primeiro passo.
A produtividade do etanol brasileiro atualmente é de sete mil litros de álcool por hectare de cana plantado. Com o domínio da tecnologia de produção do etanol celulósico, a produtividade sofrerá aumento de 30%, para 10 mil litros de álcool/ha, segundo informações do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira).
O etanol de segunda geração é produzido a partir do bagaço que passa por um processo de lavagem e pré-tratamento para que sua superfície fique maior. Nele são aplicadas enzimas que quebram a celulose do material em glicose. A glicose que sobra é a mesma substância que existe no caldo utilizado na primeira geração de etanol. Daí, então, é só aplicar a levedura e produzir o álcool.
Procurada, a Raízen Energia informou que não irá falar sobre o assunto no momento.
Fonte: Correio Popular
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