Publicado em: 14/01/2025 às 09:30hs
Pesquisadores do Laboratório Nacional de Biorrenováveis (LNBR) do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas (SP), descobriram que o combustível sustentável produzido a partir do óleo microbiano derivado da cana-de-açúcar tem o potencial de substituir o querosene de aviação, reduzindo em mais de 50% as emissões de gases de efeito estufa provenientes da aviação. O estudo, publicado na revista científica Bioresource Technology, investigou a conversão do óleo microbiano em combustível sustentável de aviação (SAF) por meio de uma tecnologia de hidroprocessamento de ésteres e ácidos graxos (HEFA), a mesma utilizada na produção de biodiesel.
Tassia Lopes Junqueira, coordenadora do estudo, destaca que a cana-de-açúcar já é utilizada para a produção de etanol, que substitui a gasolina e diminui as emissões veiculares. O novo estudo busca encontrar uma alternativa sustentável ao querosene de aviação, um combustível químico altamente poluente.
O querosene de aviação, combustível predominante na indústria aérea, é responsável por uma significativa emissão de gases de efeito estufa. Em 2023, a aviação civil emitiu 9.943.527 toneladas de CO2e. Para os próximos anos, o setor tem metas rigorosas de redução de emissões. Junqueira reforça a importância de desenvolver diferentes processos e matérias-primas para atender a essas metas.
Embora o combustível sustentável de aviação já exista, seu custo atual é quatro vezes maior que o do querosene. Contudo, com o aprimoramento da tecnologia descrito no estudo, espera-se uma redução de custos, tornando o SAF mais competitivo economicamente. "O custo atual do combustível ainda é elevado, cerca de quatro vezes o preço do querosene e duas vezes o do óleo de soja, outra alternativa renovável. No entanto, as melhorias tecnológicas previstas devem tornar o custo mais acessível", afirma Junqueira.
Além das vantagens econômicas, o novo combustível traz benefícios ambientais substanciais. Ao ser produzido a partir da cana-de-açúcar, ele pode reduzir em mais de 50% as emissões de gases de efeito estufa e ainda permitir que uma área de cana produza quatro vezes mais combustível de aviação que a soja, matéria-prima convencional. "Comparado ao combustível fóssil, a redução de emissões é significativa, contribuindo para mitigar as mudanças climáticas e eventos climáticos extremos", conclui a coordenadora.
Enquanto o Brasil registrou uma queda de 12% nas emissões de gases de efeito estufa em 2023, impulsionada pela redução do desmatamento na Amazônia, Campinas observou um aumento de 6%, alcançando o maior nível histórico de emissões. Dentro do setor de transportes, a aviação foi responsável pela maior parte das emissões, com um aumento de 17,7% nas emissões em comparação com 2022.
Dados Brutos de Emissões de Gases em Campinas (2023):
Fonte: Portal do Agronegócio
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