Publicado em: 26/11/2024 às 17:00hs
A Hedgepoint Global Markets analisou o comportamento recente dos preços do açúcar no mercado internacional, destacando uma recuperação parcial impulsionada pela entrega reduzida de açúcar branco. Essa movimentação favoreceu a alta dos preços do açúcar bruto, que subiram mais de 3% na primeira sessão desta semana, apesar de pressões vindas de fatores macroeconômicos e aumento na oferta global.
Os preços do açúcar bruto caíram na semana passada devido à combinação de um dólar forte, desvalorização do real brasileiro, chuvas no Centro-Sul do Brasil e dados da UNICA indicando uma moagem maior do que o esperado, conforme explica Lívea Coda, analista de Açúcar e Etanol da Hedgepoint. “Mesmo assim, mantivemos nossas estimativas, que já eram mais otimistas do que a média do mercado”, afirma.
A analista destaca que muitas usinas estão encerrando as operações para a safra atual. A projeção é de 610 milhões de toneladas de cana-de-açúcar moídas, com uma leve redução no mix de açúcar, passando de 48,2% para 48,1%. A produção total de açúcar pode alcançar 39,7 milhões de toneladas na safra 2024/25.
A demanda mais fraca no mercado foi intensificada pela maior disponibilidade de açúcar branco no Hemisfério Norte, consequência da alta produtividade de beterraba na Europa. A expectativa de que Tailândia e Índia aumentem sua produção em 2024/25, em comparação com o ciclo anterior, também pressionou os preços, já que ambos os países produzem majoritariamente açúcar branco.
“O aumento da produção nessas regiões pode equilibrar os fluxos comerciais do açúcar branco”, avalia Coda. Esse cenário reduziu o prêmio do açúcar branco em relação ao bruto, afetando as decisões das refinarias e diminuindo a demanda.
No Brasil, os prêmios à vista para o açúcar bruto no porto de Santos recuaram, contrariando a tendência habitual da entressafra do Centro-Sul. Rumores sobre estoques elevados nas refinarias reforçaram a fraqueza da demanda. Esses fatores, somados à valorização do dólar e à desvalorização do real, continuaram pressionando os preços.
A oferta brasileira, especialmente na entressafra, pode se tornar um fator decisivo para os preços futuros. A entrega reduzida de açúcar branco em dezembro, de apenas 191 mil toneladas, representou o menor volume recente para o mês e trouxe um tom altista ao mercado.
“A curva do açúcar branco voltou à inversão, o que sustentou o mercado de açúcar bruto. Este, por sua vez, registrou uma forte recuperação, com alta acima de 3% na primeira sessão da semana. Restrições na oferta devem continuar contribuindo para a sustentação dos preços”, conclui Lívea Coda.
O relatório da Hedgepoint reafirma a importância de monitorar as condições climáticas, os movimentos cambiais e as dinâmicas de oferta e demanda globais, fatores que seguirão determinando a volatilidade do mercado de açúcar no curto e médio prazo.
Fonte: Portal do Agronegócio
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