Publicado em: 12/09/2013 às 18:50hs
Segundo Plínio Nastari, além da falta de investimentos em logística, a Lei da Balança e a Lei de Descanso do Caminhoneiros estão encarecendo o transporte da cana no Brasil.
O alto custo do transporte da cana-de-açúcar está encarecendo demais o custo de produção do açúcar no Brasil na safra 2013/2014, afirmou o consultor Plinio Nastari, da Consultoria Datagro. Segundo ele, há um desequilíbrio muito grande entre a produtividade da cana, que foi recuperada neste ciclo e está em 85 toneladas por hectare (acima da média histórica) e o preço para fabricar o produto. Por isso, as usinas estão priorizando a produção de etanol. A previsão é que as usinas produzam mais 4,2% etanol agora que na safra passada.
De acordo com Nastari, transportar açúcar ficou mais caro no Brasil. Entre Ribeirão Preto (SP) e o Porto de Santos, o frete saltou de R$ 68 por tonelada em 2012/2013 para R$ 95 por tonelada nesta safra. Em Goiás, este custo na última safra era de R$ 110 por tonelada e atualmente esta em R$ 180 por tonelada. "O produtor não vai arcar com este custo quando tem a possibilidade de trabalhar com o etanol e pagar um custo menor", diz.
As duas principais causas que estariam influenciando essa tendência altista, além da falta de investimentos em logística, seriam a Lei da Balança, que limita sem 75 toneladas o transporte de cargas por veiculo, incluindo a tara, e a Lei de Descanso do Caminhoneiros, que tirou sua atividade mais de 500 profissionais.
Outra novidade para este ciclo é que o consumo de etanol esta crescendo muito nas regiões Norte e Nordeste, o que leva a usinas do Centro-Sul a enviarem mais etanol para estas regiões. "Mas em alguns casos, devido à complicada logística brasileira, é mais simples importar etanol dos Estados Unidos", explica. "E não tem nada de ruim nisso". Essa "facilidade" segundo ele também se deve ao preço. "É mais barato importar do que transportar".
Safra atual
As projeções da Datagro para esta temporada sofreram pequenas alterações no último mês. A perspectiva é que sejam moídas 584,8 milhões de toneladas de cana: 34,18 milhões de toneladas de açúcar (na safra passada a produção foi de 34,09) e 25,35 milhões de litros de etanol ( 21,35 na safra 2012/2013)
Investimentos futuros
Nastari afirmou que os investimentos no setor devem começar a ser retomados, sobretudo na área de cogeração de bioenergia. "É uma necessidade da industria voltar a focar os investimentos em cogeração, caso contrario a região Centro-Sul terá um gap de 5 a 7 GW de energia nos próximos anos", diz.
Conforme o consultor, o que ainda esta travando a retomada de investimentos é a falta de política pública para o setor. "O governo deveria se preocupar em desenvolver uma política mais adequada, regular e definir preços. Os investimentos, a iniciativa privada faz".
Ele afirma que os investimentos em novas plantas (que leva em media 4 a 6 anos) são necessários para atender a demanda até 2020, tanto de açúcar como de etanol e cogeração, caso contrário, o Brasil vai ter mais cana do que capacidade de moagem.
Fonte: Globo Rural
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