Publicado em: 18/11/2024 às 15:55hs
A escassez de mão de obra no setor de cana-de-açúcar tem gerado preocupação entre os produtores de Minas Gerais e de outras regiões do Brasil. De acordo com relatos de produtores, há grande dificuldade em encontrar profissionais qualificados para funções essenciais, como tratoristas, colhedores e até mesmo para cargos administrativos.
José Guilherme Nogueira, diretor-executivo da Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana), compartilhou a preocupação durante audiência pública na Comissão de Agropecuária e Agroindústria da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizada na quarta-feira (13). A reunião foi convocada pelo deputado Antonio Carlos Arantes (PL) para discutir a importância da produção de cana-de-açúcar no Estado.
Nogueira destacou que o problema não parece estar restrito a questões regionais, mas reflete uma escolha de muitos trabalhadores em não atuar no setor. Segundo o dirigente, os produtores estão investigando as causas desse fenômeno. Ele reforçou que os salários oferecidos são compatíveis com o mercado — tratoristas, por exemplo, recebem entre R$ 4,3 mil e R$ 5 mil mensais para uma jornada de 44 horas semanais. No entanto, o alto índice de rotatividade tem sido um desafio, com trabalhadores deixando os cargos após poucos dias de serviço. O problema também se reflete nas funções administrativas, que enfrentam uma escassez de qualificação profissional.
Além da falta de mão de obra qualificada, Nogueira apontou outros desafios enfrentados pelo setor de cana-de-açúcar, que dificultam o crescimento da atividade. Um dos principais problemas é a remuneração da cana-de-açúcar aos produtores. O dirigente explicou que, embora existam políticas de desenvolvimento voltadas para o setor, elas não contemplam adequadamente os produtores, especialmente no que se refere ao Crédito de Descarbonização (CBIO). Algumas usinas de etanol em Minas Gerais ainda não repassam esse crédito aos produtores, embora o repasse tenha sido aprovado em um projeto de lei em outubro, garantindo participação nas receitas obtidas com a negociação de CBIOs.
Outra preocupação mencionada por Nogueira foi a distribuição dos créditos de ICMS, que deveriam beneficiar os produtores, mas têm sido repassados às usinas, sem retorno para os agricultores. Ele enfatizou que, apesar de não se opor às usinas, os produtores acreditam que devem receber sua parte nos lucros quando o setor é beneficiado.
A falta de investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento também foi destacada como um fator limitante para o aumento da produtividade no setor. Nogueira alertou que existem apenas três instituições dedicadas ao desenvolvimento da cana-de-açúcar no Brasil, e que é necessário ampliar esse número para garantir a competitividade e a redução de custos.
Minas Gerais, conforme Nogueira, tem potencial para aumentar significativamente sua produção de cana-de-açúcar, com a capacidade de gerar entre 150 milhões e 200 milhões de toneladas anuais. No entanto, ele ressalta que são necessários incentivos ao setor para que esse crescimento se concretize. O Estado, que já é o segundo maior produtor de cana no Brasil, atrás apenas de São Paulo, teve uma produção de 78,6 milhões de toneladas na safra 2023/2024. Para a safra 2024/2025, a estimativa é de um aumento para 83 milhões de toneladas, apesar das adversidades climáticas, como as queimadas deste ano, que resultaram na perda de 50 mil hectares.
Fonte: Portal do Agronegócio
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