Setor Sucroalcooleiro

Cargill prestes a comprar as duas usinas da Ruette por R$ 680 milhões

Depois de entrar com pedido de recuperação judicial, enfrentar a ira dos bancos e desistir da contenda, por meio de um acordo com credores, o grupo Antonio Ruette Agroindustrial está em fase avançada de negociação de suas duas usinas de açúcar e etanol


Publicado em: 22/09/2015 às 15:30hs

Cargill prestes a comprar as duas usinas da Ruette por R$ 680 milhões

A informação foi revelada pelo jornal Valor Econômico nesta quinta-feira (17).

Segundo apurado pela jornalista Fabiana Batista, a compra está sendo protagonizada pela empresa Black River, que é gestora de recursos da americana Cargill. A empresa disputou as unidades com outras quatro interessadas, mas ganhou a preferência no negócio ao oferecer aproximadamente R$ 680 milhões.

Além da Black River, também participaram da concorrência pelas usinas da Ruette, processo que contou com acordos de confidencialidade, as sucroenergéticas Guarani, Nardine e Santa Isabel, além da gestora canadense Brookfield.

O valor oferecido pela gestora da Cargill compreende R$ 150 milhões em investimentos e R$ 530 milhões em assunção de dívidas, já considerando um desconto de 30% sobre o valor total do passivo, que é de R$ 750 milhões, revela a reportagem.

A gestora americana propôs pagar à vista os credores que aceitarem um desconto de 50% da dívida ou um abatimento menor, de 30% da dívida, mas, neste caso, com prazo de pagamento de dez anos, tendo dois de carência, conforme o Valor.

O negócio ainda não foi concluído, mas a Black River está “costurando os últimos detalhes” e ajustando o valor final da compra, informa a reportagem. O acordo que resultou na retirada do pedido de recuperação judicial pela Ruette, no final de março, garantiu um prazo de 180 dias para negociação de dívidas com os bancos signatários.

O banco Santander é o principal credor e mandatário das vendas, mas como as negociações envolvem cerca de 30 credores com perfil bastante heterogêneos, não há prazo para a negociação. Entre as 30 instituição que aderiram ao acordo estão a Amerra Agri Oportunity, ABN Amro, ED&F Man, Citibank, BTG Pactual, Banco do Brasil e o Banco BBM.

Cargill aumenta poder

Se a compra das usinas do grupo Ruette pela Black River for finalizada, a operação dos ativos deve ficar a cargo da Cargill, que já possui participação em três usinas de cana no Brasil, com capacidade de moagem superior a 9 milhões de toneladas por safra. Procurada pelo Valor, a Cargill disse que não comentaria antes da conclusão do negócio.

A companhia é controladora da usina Cevasa (Patrocínio-SP), e, através da joint-venture com o grupo USJ, a SJC Bioenergia, possui 50% em mais duas usinas em Goiás (nos municípios de Cachoeira Dourada e Quirinópolis).

Além da produção de etanol de cana-de-açúcar, a americana está investindo em uma das usinas goianas para instalações capazes de produzir o biocombustível a partir do milho. A ideia é que o cereal seja uma matéria-prima complementar para a operação durante a entressafra de cana.

Usinas em negociação

As usinas do grupo Ruette estão localizadas no interior de São Paulo, no município de Paraíso, unidade Monterey, e em Ubarana, unidade Ruette, e contam com capacidade combinada para processar 4,6 milhões de toneladas de cana por safra.

Segundo informações apresentadas pela empresa no final de 2014, as instalações podem gerar 180 mil toneladas de açúcar e 200 milhões de litros de etanol por safra. A cogeração tem 28 MW de potência instalada, capaz de exportar 50 GWh.

Fonte: novaCana.com

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