Publicado em: 27/03/2012 às 19:30hs
A moagem de cana da região centro-sul foi projetada entre 475 milhões de toneladas e 515 milhões de toneladas pela consultoria, em conferência de açúcar e etanol em São Paulo.
A consultoria ressaltou, porém, que acredita que a moagem deve ficar mais próxima do teto deste intervalo, se não houver mais interferência de clima adverso.
A produção de açúcar registrou queda pela primeira vez em mais de uma década na temporada 2011/12 - após um período de expansão agressiva - devido a uma combinação de clima adverso e dificuldades financeiras para a renovação dos canaviais.
Os esforços para acelerar a renovação dos canaviais, impulsionados pelas linhas de crédito do governo e um clima mais ameno, mas ainda não ideal, significam que o cenário para a nova safra pode ficar melhor, segundo a consultoria.
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MERCADO EXTERNO
A consultoria trabalha com a perspectiva de queda nas importações russas, por conta da maior oferta no país diante do aumento da produção do açúcar de beterraba, que saltou para 5 milhões de toneladas, praticamente o dobro da temporada anterior.
A F.O. Licht estima que as importações totais da Rússia devem ficar em cerca de 500 mil toneladas de açúcar neste ano, contra 2,7 milhões de toneladas de açúcar da temporada anterior, quando o país sofreu com severa seca, e contra uma média histórica de 2 milhões de toneladas.
O Brasil é o principal fornecedor de açúcar para o mercado russo.
Mesmo assim, o diretor para análises de açúcar e café da F.O. Licht, Stefan Uhlenbrock, considera que as vendas do Brasil podem seguir sustentadas neste ano, por conta das compras chinesas.
Levantamento da consultoria aponta que entre outubro e fevereiro do ciclo 2011/12 (outubro-setembro), a China importou 1,5 milhão de toneladas, ou o equivalente a 1 milhão de toneladas a mais em relação a igual período do ano anterior.
A estimativa da F.O.Licht é que a China deverá importar neste ano 2011/12 cerca de 3,3 milhões de toneladas, contra 2,1 milhões de toneladas da temporada anterior.
Segundo ele, estas compras chinesas vêm aumentando porque o país tem uma produção menor que o consumo local.
"O país tinha estoques altos muitos anos antes, mas para compensar a queda na produção, começou a consumir os estoques nos últimos três anos", disse Uhlenbrock.
Ele acrescentou que até o momento a China vinha importando para atender à demanda mais imediata e agora poderá começar a entrar no mercado para recompor suas reservas estratégicas. Mas isso só deve acontecer na medida em que os preços de mercado recuarem dos níveis atuais, de cerca de 25 centavos de dólar por libra-peso na bolsa de Nova York.
PREÇOS FIRMES
Na avaliação da consultoria, os preços atuais do açúcar estão em níveis elevados para um mercado com um excedente da oferta.
A F.O. Licht estima o superávit global de açúcar em 7,7 milhões de toneladas no ciclo atual (2011/12), no maior nível desde 2006/07.
"É um preço elevado para um mercado com um superávit. Os investidores estão colocando um risco de prêmio mais alto porque ainda existem preocupações com a safra do Brasil."
Segundo ele, a persistência do clima seco por um período estendido preocupa, e o cenário para a safra 2012/13 ainda está incerto. Existem dúvidas se haverá mesmo crescimento significativo, disse.
O consultor pondera que o efeito do clima, combinado com o envelhecimento dos canaviais, ainda pode ter impacto sobre a produção do novo ciclo, que se inicia em abril. E acrescentou que mesmo o processo de plantio para renovar os canaviais não acontece no ritmo necessário.
"Ainda precisamos ver o que acontecerá no Brasil", afirmou.
Fonte: Reuters
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