Publicado em: 30/10/2018 às 08:00hs
No momento em que os consumidores brasileiros buscam aumentar o consumo de alimentos e bebidas naturais, avança rapidamente no país a produção de Kombucha (pronuncia-se combutchá). A bebida foi descoberta na China há mais de 2 mil anos, e é composta por chá preto ou chá verde fermentado com açúcar e suco de frutas. A bebida é feita com ingredientes naturais, sem conservantes ou outros aditivos. E tem sido apreciada como alternativa ao refrigerante, por ser gaseificada e conter pouco açúcar e baixo teor de calorias.
O Kombucha começou a ser consumido no Brasil de forma artesanal, por pessoas que se interessaram em desenvolver a bebida em casa. Há cerca de três anos, algumas indústrias de pequeno porte começaram a produzir a bebida, para venda em mercados regionais. Neste mês, o Kombucha passa a ser produzido por uma indústria de bebidas de grande porte para distribuição nacional: o grupo Famiglia Zanlorenzi, do Paraná, que produz vinhos e sucos integrais, e é dono da marca Campo Largo.
A Famiglia Zanlorenzi colocou no varejo neste mês kombucha com a marca Campo Largo, com diferentes sabores. A bebida é feita a partir do chá verde. Giorgeo Zanlorenzi, diretor-presidente da companhia Famiglia Zanlorenzi, disse que começou a desenvolver o produto há um ano. “No mercado americano, as vendas de kombucha movimentam US$ 1 bilhão por ano. No Brasil, a bebida apresenta um enorme potencial de crescimento”, afirmou Zanlorenzi.
Zanlorenzi observou que o mercado de refrigerantes tem caído, 5% ao ano em volume de vendas. E os consumidores substituem os refrigerantes por outras bebidas consideradas mais saudáveis, como água e chá. O executivo disse que vai começar a distribuição da sua kombucha pelas redes do Grupo Pão de Açúcar e do Walmart, que já fizeram encomendas. A empresa não divulga previsão de vendas para este ano do Kombucha, mas disse que a linha vai contribuir para a companhia elevar as vendas de bebidas saudáveis em 45% neste ano. Além do Kombucha, a Famiglia Zanlorenzi produz sucos e chás, com a marca Campo Largo.
De acordo com a Associação Brasileira de Kombucha (ABKom), existem 40 empresas de pequeno porte fabricando o Kombucha. Essas empresas têm uma produção média de entre 2 mil e 5 mil garrafas por mês, ou 25 mil litros por mês, e a venda é feita de forma regional. A estimativa é que esse mercado movimentará, em 2018, aproximadamente R$ 20 milhões em vendas.
Uma das mais “antigas” fabricantes de Kombucha é a Companhia dos Fermentados, de São Paulo, fundada há três anos pelo designer digital Leonardo Andrade e pelo físico Fernando Goldenstein Carvalhaes. Os sócios já fabricavam artesanalmente a bebida como hobby, mas as encomendas dos amigos cresceram rapidamente e decidiram partir para a produção industrial.
“Com dois meses de produção industrial tivemos que mudar de lugar porque a produção já tinha alcançado duas mil garrafas, que era esperado para atingir após seis meses de operação”, disse Andrade. Atualmente, a produção da empresa gira em torno de 10 mil garrafas por mês. O executivo disse que, em fevereiro, a produção era de 6 mil garrafas por mês. “A previsão é chegarmos em dezembro com 40 mil garrafas produzidas por mês”, disse o executivo. Andrade estima que a produção da empresa pode chegar a 200 mil garrafas por mês em 2019, se mantiver o ritmo atual de expansão. A Companhia dos Fermentados faturou R$ 800 mil em 2017 e prevê fechar este ano com receita de R$ 1,5 milhão. As vendas da empresa são concentradas em São Paulo.
Outra grande fabricante de bebida é a empresa Tao Kombucha, de Porto Alegre. A empresa também foi fundada em 20145, pela administradora de empresas Raquel Abegg Leyva e seus três irmãos. A marca Tao é vendida atualmente em 22 capitais brasileiras, segundo a companhia. Gabriel Leiva, socio e diretor comercial da Tao, e irmão de Raquel, disse que as vendas da companhia têm crescido 20% ao mês neste ano. A produção gira em torno de 35 mil a 40 mil garrafas por mês.
“Até o ano passado, as vendas eram mais concentradas em redes de produtos naturais, como a Mundo Verde. Neste ano, começamos a entregar para redes maiores, como Angeloni Supermercados, St. MARCHE, Mercadinhos São Luiz. O mercado está se envolvendo mais neste ano”, disse Leiva. O executivo disse que a companhia ampliou a produção em quatro vezes neste ano, para atender à demandas das redes de varejo.
O Kombucha é uma bebida naturalmente gaseificada e de sabor ácido, feita a partir da fermentação do chá verde ou do chá preto.
A fermentação é feita por uma colônia de bactérias e leveduras, conhecida como “scoby”, sigla que em inglês significa colônia simbiótica de bactérias e leveduras. A aparência do scoby é de um disco gelatinoso e translúcido.
Esse disco é submerso em chá com açúcar. As bactérias e leveduras se alimentam do açúcar contido no chá e começam a produzir substâncias, como vitaminas dos complexos B e C e outros nutrientes. Ao fim do processo de fermentação, que dura em torno de 30 dias, a bebida fermentada é misturada a sucos de frutas e especiarias, dando origem a diferentes sabores de Kombucha. A produção industrial da bebida é feita com autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
No Brasil, a produção começou a ganhar força no ano passado. O preço varia entre R$ 10 e R$ 15 por garrafa de aproximadamente 300 mililitros.
A rápida expansão do consumo de Kombucha no Brasil não é um fator isolado. Globalmente, estima a consultoria americana Micro Market Monitor, esse mercado cresce, em média 25% ao ano, e vai triplicar de tamanho entre 2015 e 2020, chegando a movimentar US$ 1,8 bilhão no fim da década. De acordo com a consultoria, a Kombucha é a bebida funcional que mais cresce no mundo, impulsionada principalmente por vendas nas regiões da Ásia, Pacífico e nos Estados Unidos.
Fonte: Citrus BR
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