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Preço da folha de flandres pressiona indústria de alimentos e afeta consumidores

Nos últimos 12 meses, insumo teve reajuste de mais de 100%, gerando impacto principalmente nos produtos da cesta básica


Publicado em: 14/10/2021 às 07:20hs

Preço da folha de flandres pressiona indústria de alimentos e afeta consumidores

Quem vê uma lata de sardinha, milho verde, leite em pó ou molho de tomate no supermercado não imagina que pode estar pagando mais caro justamente pelo alto custo do material utilizado nessas embalagens metálicas. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), a folha de flandres - laminado de aço-carbono com estanho nas duas faces - tem participação de até 25% nos custos de produção dos alimentos industrializados. 

Nos últimos 12 meses, o insumo teve reajuste de mais de 100%, gerando impacto principalmente nos produtos da cesta básica. Para o consumidor final, o aumento chega a 10% em média, podendo superar 16%. 

As embalagens de aço, produzidas a partir da folha de flandres e da folha cromada, são utilizadas na produção de centenas de produtos alimentícios de consumo frequente da população brasileira, inclusive da cesta básica, como leite em pó, vegetais (milho, ervilha, tomates) e sardinha em conserva, além de produtos direcionados a nutrição clínica e hospitalar, como fórmulas infantis, complementos e suplementos alimentares, entre outros. 

"O grande impacto no mercado foi sentido a partir do segundo semestre de 2020, quando a indústria de alimentos passou a enfrentar dificuldades no abastecimento da folha de flandres, além da aceleração dos preços", reforça João Dornellas, presidente executivo da Abia, acrescentando que, atualmente, a entrega do insumo está ocorrendo com atraso de cerca de 25 dias, com tempo de espera ‘lead time’ de 55 dias, ante os 30 em condições normais. 

Para tentar minimizar os impactos, a associação enviou, no mês de junho, à Câmara de Comércio Exterior (Camex), um pedido de redução do imposto de importação de flandres, que está sendo analisado. 

A situação é agravada por um monopólio na produção desse produto no Brasil (apenas uma empresa produz as folhas de aço) e pelo desligamento de um alto forno responsável por essa produção em 2020, que, mesmo com sua reativação, demorou para voltar à sua plena capacidade. 

Nesse período, a demanda por aço de outros setores aumentou enormemente e tem prejudicado o de alimentos. Mesmo com o religamento do alto forno responsável pela produção de folhas metálicas, o processo de retomada da produção não tem acompanhado as necessidades integrais da indústria de alimentos e, pior ainda, vem impactando no preço da comida para toda a população.