Publicado em: 30/10/2024 às 11:50hs
O Brasil, consolidado como o maior exportador mundial de algodão, teve um papel de destaque durante o evento anual da International Cotton Association (ICA), realizado de 14 a 17 de outubro em Liverpool, Inglaterra. O país esteve presente em discussões importantes, ao lado de líderes do setor, visando garantir uma maior presença do algodão no mercado têxtil atual e futuro.
A delegação brasileira, coordenada pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), participou de debates, organizou eventos e trabalhou na construção de um novo posicionamento junto à indústria têxtil e marcas globais. "Não basta sermos o maior exportador; precisamos participar das decisões. Assumimos uma postura mais ativa para trabalhar em pontos estratégicos, como a legislação europeia", afirmou Alexandre Schenkel, presidente da Abrapa.
Nesta edição do evento, a participação brasileira compreendeu três atividades durante a programação. No dia 15 de outubro, o Cotton Brazil Luncheon reuniu empresários e investidores do setor têxtil para discutir novas informações e previsões sobre a safra e as exportações brasileiras. Em um painel regional no dia 17, o Brasil debateu o novo papel da cotonicultura no fortalecimento do algodão no mercado mundial de têxteis. Além disso, ao longo do ICA Trade Event, a delegação promoveu rodadas de negócios com empresas comerciais internacionais.
"Fomos muito prestigiados em todas as iniciativas. Existe um grande interesse sobre como o Brasil pode contribuir para aumentar a participação do algodão no mercado têxtil, dado que nossa capacidade de ampliação da oferta global está limitada", observou Schenkel. O país é visto como um fornecedor confiável, com um produto de qualidade aprimorada rapidamente. Segundo Marcelo Duarte, diretor de Relações Internacionais da Abrapa, "a percepção internacional sobre a liderança do Brasil nas exportações decorre da evolução geral do algodão brasileiro em termos de qualidade, certificação socioambiental, volume de produção e acesso a mercados".
Entretanto, o Brasil reconhece que ainda existem áreas a serem aprimoradas. Embora o progresso em características como comprimento, resistência e micronaire seja notável, ainda é necessário melhorar aspectos como o índice de fibras curtas, além de lidar com problemas ocasionais de pegajosidade e contaminação.
Na cadeia produtiva, a logística se destaca como um ponto crítico. "Percebemos a necessidade de aprimorar as operações portuárias e ampliar as rotas além de Santos. Por isso, estamos investindo no programa ABR-LOG, um protocolo de boas práticas para terminais retroportuários", destacou Schenkel.
O ICA Trade Event também antecipou tendências relevantes do setor. A questão ambiental continua sendo uma preocupação central, especialmente com uma nova lei na Europa que pretende rotular peças de roupa com informações sobre o impacto ambiental de sua fabricação. Contudo, o cálculo atual favorece o poliéster, um tecido sintético derivado do petróleo, em detrimento de fibras naturais como o algodão.
Além disso, o uso da inteligência artificial tem crescido na indústria têxtil, aplicando-se em diversas áreas, desde planejamento e negociação até manufatura e previsão de demanda. Conflitos globais, como as guerras entre Rússia e Ucrânia e as tensões comerciais entre Estados Unidos e China, também influenciam a demanda por produtos têxteis. As eleições nos EUA, com candidatos como Kamala Harris e Donald Trump apresentando visões distintas sobre o comércio externo, são outro fator a ser considerado.
"À medida que nossa participação no mercado cresce, também aumenta nossa responsabilidade. Trabalhando em conjunto com outras nações e organizações, o setor pode avançar em escala global", concluiu Schenkel.
A participação brasileira no ICA Trade Event é parte das ações do Cotton Brazil, uma iniciativa voltada à promoção do algodão brasileiro em nível global. O programa é idealizado e coordenado pela Abrapa, em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e conta com o apoio da Associação Nacional de Exportadores de Algodão (Anea).
Fonte: Portal do Agronegócio
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