A revolução de Três Lagoas iniciou-se com a chegada da linha da Noroeste do Brasil, somando com a expansão do rebanho bovino, que deu lugar às florestas, principal matéria prima para a indústria de celulose.

O desenvolvimento de Três Lagoas passou por vários ciclos, culturas e transformações. Inicialmente a movimentação do município aconteceu com a chegada dos trilhos da Noroeste do Brasil em 1912, possibilitando intercâmbio comercial com o estado de São Paulo. A estrada de ferro deu o primeiro impulso para desenvolver a economia local, trazendo levas de migrantes de outras regiões para trabalhar e investir no município.

Outro fator preponderante que desenvolveu o comércio aconteceu da década de 20, quando a Feira do Gado movimentava a economia, reunindo comerciantes e pecuaristas que negociavam seus rebanhos a céu aberto.

NOVO CICLO

Depois disso, em 1960 iniciou à construção da Usina Souza Dias (Jupiá), obra autorizada pelo então governador do Estado de São Paulo, Adhemar Pereira de Barros.

A construção da hidrelétrica transformou a cidade em um grande canteiro de obras, gerando empregos e renda, atraindo milhares de trabalhadores de outras regiões, onde a maioria deles ficou por aqui, constituindo família, ajudando no crescimento demográfico do município.

Essas atividades foram à força motriz que ajudaram impulsionar a economia de Três Lagoas.

SÍMBOLO ECONÔMICO

Decorridos várias décadas, a pecuária perseverou como símbolo da economia da região, fazendo de Três Lagoas uma referência nacional de criadores zebuínos, prova disse é que o saudoso empresário e criador, Orestes Prata Tibery Junior, chegou a presidir a ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebú), entidade máxima que congrega a nata da pecuária nacional.

Na época, uma das primeiras indústrias do município, o frigorífico Frigotel se destacava como fonte de geradora de empregos, além de exportar a produção para vários países, destacando Três Lagoas como um grande pólo exportador de carne do Estado de Mato Grosso do Sul.

CICLO DAS FLORESTAS

A paisagem da zona rural começou a mudar em meados de 88, com a chegada da Chanflora Agroflorestal, que deu inicio ao cultivo da silvicultura, iniciando aí o ciclo das florestas, matéria- prima para fabricar celulose, produto que quase duas décadas, transformou a economia de Três Lagoas.

A partir dessa nova atividade, a opção pela pecuária intensiva foi decaindo, dando lugar para o avanço das florestas. O rebanho bovino que constituía em mais de 1.200 milhão, foi reduzindo gradativamente, e hoje, de acordo com dados do Sindicato Rural, estima-se cerca de 650 mil reses.

Nasceu ai uma nova vocação e mais um ciclo de desenvolvimento do município. Em 19 de dezembro de 2006, com o início da construção do complexo industrial de papel e celulose de International Paper e VCP a cidade se transformou rapidamente num grande canteiro de obras. Na ocasião, a então prefeita Simone Tebet classificou a vinda das empresas como o investimento do século. Milhares de operários foram recrutados em vários estados e trazidos para a cidade para trabalhar na construção das indústrias.

TAXA DE CRESCIMENTO

Foi nessa época que Três Lagoas conquistou uma taxa de crescimento acima da média nacional. Nos últimos anos, a cidade cresceu vertiginosamente ultrapassando a densidade populacional estimada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), que previu Censo, realizado em 2010 uma média de crescimento de 1,3% ao ano.

Com a explosão industrial o município que até 2009 tinha 89.493 moradores, hoje ultrapassa a casa dos 101.722, habitantes, um crescimento de 12.229, ou seja; acima dos 10 por cento.

Para atender a demanda de crescimento, a cidade teve que se adequar à nova realidade. Centenas de novos imóveis de baixo, médio e alto padrão foram edificados em vários bairros da cidade.

Essa movimentação injetou ânimo no comércio local, principalmente em supermercados, restaurantes e lojas especializadas em materiais de construção, hotéis, entre outras atividades.

CICLO DE DESENVOLVIMENTO

Foi nessa onda de crescimento em 2009, que foi inaugurada a fábrica da VCP(hoje Fibria) e da International Paper, passando a produzir celulose e papel dando início ao novo ciclo de desenvolvimento, alavancando o PIB do país, em 0,15%, do estado em 13,5% e 300 por cento do município.

Com a operação das fábricas, inicia outro ciclo de desenvolvimento de Três Lagoas, a celulose.

Com o crescente progresso e alta rentabilidade da celulose no mercado mundial, em 15 junho de 2010, data de aniversário de 95 anos do município, Três Lagoas ganha mais um presente, o lançamento da pedra fundamental da maior fábrica de celulose do mundo, a Eldorado Brasil, que decorridos 29 meses depois, foi inaugurada a maior e mais moderna fábrica de produção de celulose do mundo, transformando Três Lagoas na capital mundial da celulose, com uma produção de 3 milhões de toneladas do produto ano.

PROGRAMA DE QUALIFICAÇÃO

As mudanças não foram apenas na economia, mas nas vidas de muitas pessoas. As transformações aconteceram em todos os segmentos da sociedade, inclusive possibilitou aos jovens planejar o seu futuro.

Através da Eldorado, a empresa lançou o programa de qualificação, o “Minha Primeira Profissão”, iniciativa inédita com objetivo de capacitar 190 jovens em cursos nas áreas de Técnico em Celulose e Mecânica Industrial, desenvolvido pelo SENAI.

A proposta instituída pela Eldorado, que investiu R$ 2 milhões no programa teve como alvo jovens estudantes cursando o 2º e 3º ano do ensino médio. Na ocasião do lançamento o evento contou com a presença do astronauta brasileiro, Marcos Pontes que falou a sua história de superação alavancada através dos cursos oferecidos pelo SENAI. O curso fez tão proveitoso que hoje partes dos alunos que concluíram os estudos estão trabalhando na Eldorado ou em outra unidade industrial instalada no município, garantido um salário digno, podendo assim planejar o futuro com mais tranquilidade.

Alguns inclusive já fazem planos para comprar um imóvel, outros preferem investir na compra de um veículo.

É o caso do jovem Dyesson Gonçalves, de 17 anos, que antes trabalhava como cinegrafista, ganhando um salário mínimo por mês. Após receber o certificado do curso de técnico em celulose do SENAI, está trabalhando ha cinco meses nos quadros de funcionários da fábrica, faturando quatro vezes mais que ganhava antes e já é dono de um automóvel Fiat Uno, comprado recentemente.

PORTAS ABERTAS

Os que não foram aproveitados nos quadros da Eldorado, outras indústrias estavam com as portas abertas para o jovem. Antes da iniciativa da Eldorado, os jovens procuravam empregos nas indústrias, mas não tinham formação e nem preparo, situação que dificultava concorrer à vaga.

Agora a situação mudou. Com formação profissional o jovem passou a ser disputado pelas empresas.

Da tradicional capital do gado Três Lagoas é o destino de investimentos bilionários de vários segmentos industriais, transformando o município em capital mundial da celulose.

JANELA DO TEMPO

Com certeza, se os colonizadores do município estivessem na janela do tempo, eles teriam a visão privilegiada dos vários ciclos que transformou Três Lagoas na capital do desenvolvimento do Estado.

Veriam a participação ativa da sociedade como um todo se destacando em várias frentes de trabalho, somando significativamente com o progresso do município. Dessa janela, os pioneiros assistiriam também a importância da atuação do SENAI que participou ativamente do processo evolutivo do município, qualificando, trabalhadores, jovens, homens e mulheres para o mercado de trabalho.