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Sucroenergético: setor de MT esbarra em gargalos logísticos e políticos

Gargalos logísticos e a falta de políticas públicas para o segmento sucroenergético são entraves ao desenvolvimento do potencial produtivo nacional


Publicado em: 01/06/2012 às 09:30hs

Sucroenergético: setor de MT esbarra em gargalos logísticos e políticos

Muda a região de plantio, mas os problemas são os mesmos. A diferença é quanto mais ao Oeste do país está a lavoura menos competitiva está a sua produção e mesmo rentável é aos usineiros. Mato Grosso, estado de recordes e títulos no agronegócio, pode expandir a safra de cana em cerca de 1,4 milhão de hectares, sem que nenhuma área tenha de ser desmatada. No entanto, sem investimentos públicos em novas opções de escoamento, crédito e política própria, o Estado vai seguir no dilema: não expande porque não tem logística e não tem logística porque não tem volume.

Os desafios e as oportunidades de Mato Grosso no segmento sucroenergético foram tônicas de discussões ontem, durante o 3º Encontro Sucroenergético de Mato Grosso, que reuniu indústrias, fornecedores e profissionais da área para debater as questões e propor soluções para atender às exigências do mercado. O evento será foi realizado na sede do Sistema Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Sistema Fiemt), em Cuiabá.

De acordo com a Fiemt, o segmento se fortalece a cada ano, sendo considerado o terceiro ramo da indústria que mais contribui para desenvolvimento do Estado. Para 2012, a perspectiva é de colher 14,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, 850 milhões de litros de etanol e 480 mil toneladas de açúcar, e as empresas se mobilizam para aperfeiçoar os produtos e processos diante dos desafios, como a logística, a produção sustentável e a necessidade de investimentos em inovação. “Neste seminário conhecemos novas tecnologias à disposição do setor como também temos a oportunidade de trocar experiências e avançar na produção a um custo muito baixo”, resume o diretor-executivo do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras de Mato Grosso (Sindálcool), Jorge dos Santos.

Conforme Santos, quatro problemas foram relacionados pelo segmento como sendo de maior relevância: adquirir melhores práticas industriais para ganhar eficiência, melhores práticas agrícolas (mais variedades e novas tecnologias do plantio à colheita) e endividamento do setor e logística. “No caso de Mato Grosso, logística é alcoolduto, mas o custo de cada quilômetro chega a R$ 1,2 milhão”.

Ainda como destaca, é preciso que o governo federal crie uma política de biocombustíveis, a exemplo do que mundo está fazendo ao priorizar esta matriz energética. “Não queremos benesses, e sim ações que tragam segurança a um segmento que oscila bruscamente”.

Em Mato Grosso, as dez usinas em atividade geram cerca de 15 mil empregos diretos, a maior média de salários do setor, R$ 1,2 mil e uma receita aos cofres estaduais que em 2012 pode variar entre R$ 180 e R$ 200 milhões, dependendo do comportamento dos preços. No ano passado, o Estado arrecadou R$ 150 milhões em ICMS e no ano anterior (2010), R$ 120 milhões.

MERCADO
– No ano passado, a produção de etanol hidratado, por exemplo, gerou um excedente de cerca de 80 milhões de litros no Estado, volume que foi estocado e desovado ao longo deste ano. Se houvesse dutos, o etanol poderia ter sido comercializado para outros estados. “Hoje, sem outra opção de transporte que não seja o rodoviário, o litro do hidratado que hoje sai da usina em média a R$ 1,27 receberia outros R$ 0,17 por litro transportado, chegando a Paulínia (SP), principal base de combustíveis do Brasil, a R$ 1,44/l. O preço médio no estado de São Paulo, na bomba, é de pouco mais de R$ 1,80. Como concorrer?”. Sem escoar o excedente, Santos lembra que a usina se vê obrigada, de quando em quando, a ‘queimar’ a produção para gerar caixa rápido e abrir, como agora, espaço para a nova safra.

Há um projeto de alcoolduto saindo de São Sebastião, no litoral sul de São Paulo, em direção às áreas produtoras de Minas Gerais até Senador Canedo, em Goiás. “Com apenas um ramal vindo de Senador Canedo a Barra do Garças, temos ligação com o médio norte estadual, cerca de 600 quilômetros deste ponto. O frete via dutos, mesmo no seu maior nível de cotação, vai representar 30% do custo atual. No entanto, o projeto não avança. Ficamos como cachorro correndo atrás do rabo, o duto até Mato Grosso não é atualmente viável financeiramente porque não temos produção e não produzimos mais açúcar e etanol porque não temos como vender”, lamenta o dirigente.

2013
– O Encontro é realizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-MT) em parceria com o Sindálcool e a empresa Eutectic Castolin. A intenção para o próximo ano é de ampliar a área de mostra de tecnologias para um espaço aberto.

Fonte: Diário de Cuiabá

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