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Nildemar Secches deixará presidência do conselho da BRF

Executivo deve anunciar saída hoje em reunião do conselho; sucessor não está definido, mas Abilio Diniz é o mais cotado


Publicado em: 01/02/2013 às 16:10hs

Nildemar Secches deixará presidência do conselho da BRF

Nildemar Secches anuncia hoje sua saída da presidência do conselho de administração da BRF. A decisão será comunicada no início da reunião entre os conselheiros, que deve durar o dia todo. Ainda não está decidido quem será o sucessor, mas o candidato mais cotado é o empresário Abilio Diniz.

A troca só deve ocorrer em abril, quando acontece a assembleia de acionistas e a eleição do novo conselho para os próximos dois anos. A chapa costuma ser costurada por unanimidade e deve ser decidida até março. Os fundos de investimento Tarpon e Previ estão costurando a indicação de Abilio, que hoje é presidente do conselho de administração do Grupo Pão de Açúcar.

Abilio vem comprando sistematicamente ações da BRF e, segundo fontes do mercado, já teria R$ 1,2 bilhão em ações, o equivalente a 3% da companhia, avaliada em R$ 38 bilhões. Ele também já começou a se aproximar da atual gestão.

Na quarta-feira à noite, convidou o presidente executivo da companhia, José Antonio do Prado Fay, para uma conversa. Até agora o contato dos dois havia sido superficial, apenas em eventos. "Está tudo seguindo o script. Fay e Nildemar não podem sair juntos da empresa, que perderia as referências", disse uma fonte.

Conflito. Abilio não tem a intenção, segundo interlocutores próximos, de deixar a presidência do conselho do Grupo Pão de Açúcar. Executivos do setor de varejo já enxergam conflito de interesses em o empresário ter uma posição chave no maior varejista do País e em um dos maiores fornecedores de alimentos.

O francês Casino - sócio controlador do Pão de Açúcar, com quem Abilio mantém uma relação tumultuada - já tem pareceres jurídicos preparados para questionar a posição do empresário nas duas empresas. Conforme fontes próximas a Abilio, a avaliação dele é que não há nenhum conflito de interesse.

A articulação para a chegada de Abilio na BRF surgiu de uma insatisfação dos fundos de investimento Tarpon e Previ, dois dos principais acionistas, com o desempenho da gestão da companhia, que consideram pouco agressiva.

Os sócios do Tarpon, que são próximos de Abilio desde que investiram no Pão de Açúcar, procuraram o empresário e propuseram a empreitada na BRF. O Tarpon também já vinha se aproximando da Previ, fundo de previdência dos funcionários do Banco do Brasil, mas Abilio se reuniu com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para conseguir o aval do governo federal.

Nildemar Secches deixará a empresa 17 anos depois de assumir a presidência da Perdigão em janeiro de 1995. Egresso de uma carreira no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ele comandou a retomada do crescimento da companhia e articulou a fusão com a rival Sadia, anunciada em 2009.

O negócio passou por um duro processo de aprovação no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que só ocorreu no segundo semestre de 2011. A incorporação da Sadia aconteceu em dezembro de 2012, após um ano tumultuado pelo aumento de custos, provocado pela alta no preço dos grãos, e pela venda de ativos para o Marfrig a pedido do Cade.

Fonte: O Estado de S.Paulo

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