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Mitos prejudicam setor agropecuário, afirma professor da USP

José Pastore, consultor e professor da Universidade de São Paulo, destaca mitos e verdades sobre o apagão da mão de obra no campo


Publicado em: 03/08/2012 às 12:40hs

Mitos prejudicam setor agropecuário, afirma professor da USP

Para o doutor e professor da Universidade de São Paulo (USP), José Pastore, existem muitos mitos que rondam o setor agropecuário e prejudicam a resolução do apagão da mão de obra no campo. Um deles é que as máquinas agrícolas vão substituir os trabalhadores. “Mesmo com a utilização da tecnologia no meio rural, nem todo o setor pode ser mecanizado para dispensar a mão de obra existente. Há ramos como o de frutas e flores, por exemplo, que ocupam muito espaço e mão de obra devido às suas culturas. O que há no campo, na realidade, são pessoas mais idosas e com menos conhecimento, que contrastam com as novas tecnologias aplicadas”, afirma.

José Pastore é um dos palestrantes convidados para o Fórum Internacional SENAR Inovação para o campo – Desafios no desenvolvimento de recursos humanos para vencer o apagão da mão de obra rural, que será realizado entre os dias 30 e 31 de agosto, em São Paulo. Ele ministrará a palestra: Apagão da mão de obra no campo – mitos e verdades.

“É importante destacar que cada vez mais a agricultura precisa de mais neurônios e menos de músculos”, diz José Pastore, professor da USP e um dos palestrantes do Fórum Internacional do SENAR

O pesquisador da USP explica que realmente existe falta de mão de obra no campo e que mesmo que todo o setor esteja mecanizado daqui a 10 anos, há trabalho a fazer em se tratando de qualificação profissional. “Se isso acontecer, teremos ai 10 anos (o que é muito tempo) para capacitarmos os trabalhadores rurais, de forma que essas pessoas saibam como lidar com o maquinário disponível, pois a máquina precisa de profissionais que não existem no campo atualmente, como o mecânico, o gestor ou mesmo um profissional de TI”, ressalta.

Na opinião do professor, a saída dos jovens do meio rural em busca de melhores condições está começando a se reverter. “Em todos os países as cidades atraem as pessoas mais educadas. Mas com a utilização da tecnologia na agropecuária, os jovens têm voltado, atraídos pelas capacitações na área e também pelos salários cada vez maiores”, diz. “É importante destacar que cada vez mais a agricultura precisa de mais neurônios e menos de músculos”, assegura Pastore.

O pesquisador afirma que um evento como o fórum do SENAR é crucial para o País, que tem se modernizado e precisa do contato com países mais desenvolvidos. “Todos os países avançados passaram por esses problemas e conseguiram resolver. É importante para o Brasil entender essas experiências e saber utilizá-las, fazendo as adaptações necessárias e não as copiando”, conclui.