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HSBC vê produção de açúcar e etanol menor que esperado por Unica

A produção de etanol e de açúcar do centro-sul do Brasil deve ficar abaixo dos números previstos inicialmente pela indústria, com as chuvas intensas e atípicas no começo da safra 2012/13 afetando a qualidade da cana, apontou relatório de setembro do banco HSBC


Publicado em: 19/09/2012 às 11:40hs

HSBC vê produção de açúcar e etanol menor que esperado por Unica

O HSBC estima a produção de açúcar em 32,1 milhões de toneladas, versus 33,1 milhões de toneladas previstas pela União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), em seu único relatório até o momento, de abril.

Para o etanol, o HSBC aponta uma produção de 20,8 bilhões de litros, contra 21,5 bilhões de litros estimados pela Unica.

"Não esperamos que os níveis de ATR (teor de açúcares recuperáveis) se recuperem para os níveis que a Unica estava esperando em abril, uma vez que estas perdas são em sua maior parte irreversíveis", apontam os analistas Pedro Herrera, Diego T. Maia, Ravi Jain e Thilan Wickramasinghe em relatório ao mercado.

As previsões do HSBC foram divulgadas na semana em que a Unica anunciará a sua primeira revisão da projeção para a safra de cana e produção de etanol e açúcar no centro-sul do ciclo 2012/13. A estimativa será divulgada na quinta-feira.

"Por isso, acreditamos que as estimativas de produção de açúcar em 32,1 milhões de toneladas e de etanol em 20,8 bilhões de litros no ano fiscal 2013 são as projeções mais realistas", acrescentaram.

Apesar de ver uma produção menor que a projetada inicialmente, o HSBC avalia que o volume de etanol e de açúcar ainda será maior do que o registrado na safra passada.

Na temporada passada, o centro-sul do Brasil, que responde por cerca de 90 por cento da produção de cana do país, produziu 31,3 milhões de toneladas de açúcar e 20,5 bilhões de litros de etanol.

Os analistas ponderam também que, com um tempo mais seco nas últimas semanas, a maior parte das usinas deverá conseguir cumprir suas metas de moagem neste ano. Segundo eles, esta estimativa foi feita com base na evolução da colheita vista até o momento.

SUPERÁVIT GLOBAL NESTE ANO

A estimativa do HSBC para o superávit global de açúcar neste ano é de um intervalo entre 4 e 5 milhões de toneladas, menor que a projeção anterior de 5,6 milhões de toneladas.

"A diferença se dá principalmente pelos números menores para a produção do Brasil ante as previsões atuais de mercado", explicaram os analistas do banco.

O banco ressalta que, embora esteja confortável com as projeções da Unica para a moagem, uma vez que os trabalhos devem se estender até meados de dezembro para recompor perdas vistas em maio e junho, há riscos nas perspectivas para o ATR.

"Acreditamos que será difícil recuperar o teor de sacarose para 140 kg por tonelada até o final da colheita. Por isso, esperamos produção de 32 milhões de toneladas de açúcar neste ano", disse o banco.

PRÓXIMA SAFRA

Apesar da ressalva de que ainda é cedo para avaliar a próxima safra (ciclo 2013/14), já que o clima terá peso importante, os analistas do HSBC afirmam que a expectativa de melhores condições climáticas e produtividade devem elevar a disponibilidade de cana para moagem.

Com base em um cenário de condições climáticas normais e produtividade acima de 80 toneladas de cana por hectare, o HSBC projeta a moagem da cana em 2013/14 (ano fiscal 2014) entre 540 milhões e 600 milhões de toneladas.

Os analistas ressaltam que diante da baixa capacidade ociosa para produzir açúcar, os volumes adicionais de cana deverão ser revertidos em 2013/14 para a produção de etanol, que poderá atingir entre 23 e 26 bilhões de litros, enquanto a produção de açúcar é prevista entre 34 milhões e 38 milhões de toneladas.

Diante disso, eles acreditam em uma predisposição do governo de elevar a mistura do etanol à gasolina dos atuais 20 por cento para 25 por cento a partir de março de 2013.

Em evento realizado na terça-feira, no Rio de Janeiro, o presidente interino da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, disse que a entidade está negociando com o governo federal a elevação da mistura a 25 por cento no próximo ano.

Fonte: Reuters

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