Publicado em: 23/09/2013 às 18:40hs
A expectativa de analistas e executivos do setor é de que a demanda interna pelo produto continuará se expandindo nos próximos anos fazendo com que os investimentos apenas amenizem os volumes importados.
"Existe uma intenção dos empresários em reduzir as importações de fertilizantes porque a dependência externa é elevada, mas os investimentos programados não irão alterar a condição de importador líquido do Brasil", afirma Giovana Araújo, analista de agribusiness do Itaú BBA Securities. O Brasil importa, em média, 70% do nitrogênio, fósforo e potássio que o Brasil consome em fertilizantes, de acordo com dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda).
Dos três insumos, a dependência maior de importação é do potássio, que beira os 93%. O Brasil produz 325 mil toneladas e consome 4,3 milhões de toneladas de potássio. Até 2018, a demanda deve subir para 5,2 milhões de toneladas e a produção se manter nos níveis atuais. Segundo o diretor executivo da Anda, David Roquetti Filho, há poucos investimentos de curto prazo na exploração de potássio. A Vale deve começar a produzir um novo sítio em Sergipe, mas a produção de lá vai substituir uma velha mina da Vale que está se esgotando, sem alterações significativas na produção.
Em relação ao fósforo, o Brasil produz 2,2 milhões de toneladas e consome 4,3 milhões de toneladas, precisando importar perto de 50% do total. A expectativa é de que em 2018 a produção atinja 4 milhões de toneladas ante uma demanda de 5,2 milhões de toneladas, reduzindo as importações para 23% do total. No caso do nitrogênio, a produção deve passar de 880 mil toneladas para 2 milhões de toneladas no período analisado, enquanto a demanda vai crescer de 3,5 milhões para 4,2 milhões de toneladas, com a necessidade de importação caindo de 75% para 55%. Roquetti ressalta que esta redução acontecerá se os investimentos forem concretizados e se novos projetos aparecerem. "Os investimentos têm que ser contínuos, senão voltamos a perder terreno para as importações", afirma.
Mas existem alguns entraves que podem ameaçar os investimentos. Segundo Jefferson Carvalho, analista do Food & Agribusiness Research do Rabobank, o cenário mundial é de excesso de aumento de produção de fertilizantes diante de uma desaceleração na demanda. "A China e a Índia reduziram seu consumo de fertilizantes em um momento de maior produção, fazendo com que os estoques mundiais cresçam e os preços caiam", diz. Para Giovana Araújo, com um cenário mundial de preços baixos, investimentos em produção no Brasil poderão ser postergados até que se tenha maior visibilidade de quando a relação entre oferta e demanda ficará mais justa. Para o presidente da unidade de fosfatos e nióbio da Anglo American, Ruben Fernandes, os investimentos em produção não devem ser adiados porque existe a demanda interna por fertilizantes deve ser fortalecida.
Fonte: Canal do Produtor
◄ Leia outras notícias