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Caminho aberto para Abilio, mas há obstáculos

Embora o mercado dê como certo que o nome para a BRF é o de Abilio Diniz, o sucesso da empreitada na BRF ainda terá de enfrentar uma série de obstáculos


Publicado em: 05/02/2013 às 17:00hs

Caminho aberto para Abilio, mas há obstáculos

O maior deles é a discussão a respeito de conflito de interesses no fato de pretender acumular a presidência do conselho de administração da empresa de alimentos e do Grupo Pão de Açúcar (GPA). As companhias não são do mesmo setor, mas possuem uma forte relação comercial.

O GPA é o maior distribuidor dos produtos da empresa de alimentos no Brasil. Enquanto a BRF é a maior fornecedora em valores do GPA - ganha até da AmBev, com diferença de 30%.

Abilio tem demonstrado que, apesar do interesse na BRF, também tem planos de longo prazo para o GPA, a despeito da convivência difícil com o controlador, Casino. A respeito do conflito de interesses, Abilio tem dito que não acredita que existam problemas e que, nos casos em que surgissem conflitos, ele se absteria de votar.

Apesar dos constantes rumores de que poderia abrir mão da presidência do conselho, o empresário já comentou aos mais próximos que não sairá, sob qualquer hipótese. Nem aceita se licenciar. Em carta enviada ontem à noite à Jean-Charles Naouri, presidente do Casino, Abilio comunicou os nomes de Cláudio Galeazzi e Luiz Fernando Figueiredo para sucederem o filho Pedro Paulo Diniz e a esposa, Geyze Diniz, nas vagas que possui no conselho da varejista. O Casino entende que são dois bons nomes, apurou o Valor.

Abilio não pretende também, se as condições não se modificarem, exercer o direito de saída que possui para as ações ordinárias que detém - e que pode ser exercido entre 2014 e 2022, mas hoje não é financeiramente vantajoso.

Ainda há uma outra questão na mesa, que pode envolver nomes ligados a Via Varejo, controlada pelo GPA. Executivos da companhia, que não assinaram o plano de retenção, podem sair e ocupar funções no comando da BRF. Um deles, apurou o Valor, é Ney Santos, diretor de tecnologia da informação da Via Varejo. Existem rumores de que Antonio Ramatis, presidente da Via Varejo, seria um nome interessante, na visão de Abilio, para ir para a BRF. Ramatis não assinou acordo de retenção.

Entre os desafios que Abilio terá de enfrentar está a pressão também do sócio Casino, com quem tem travado uma disputa novelesca há tempos. O grupo francês pode entrar no debate envolvendo Abilio e BRF. O Valor apurou que o Casino já consultou o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), por conta da verticalização e do poder de influência que Abilio terá em ambas as empresas. Partem do pressuposto que Abilio é um presidente de conselho com postura ativa no GPA, e a operação com a BRF é de tamanha relevância que, para o sócio, ela tem que passar pelo Cade, mesmo Abilio tendo menos de 5% das ações. Com participação inferior a 5%, Abilio evitaria uma discussão no Cade.

No terreno das hipóteses, o Cade poderia impedir a sobreposição dos conselhos ou, no limite, bloquear os poderes políticos no GPA - o que atenderia aos maiores desejos do Casino. Até agora não houve nenhum sinal público do governo ou do Cade de desaprovação aos movimentos de Abilio. A expectativa é que o anúncio de Nildemar Secches de deixar a presidência do conselho da BRF abra espaço para um posicionamento oficial dos interessados nas mudanças na empresa, dando início ao debate do conflito.

Na quarta-feira passada, Abilio teve um encontro com José Antonio do Prado Fay, presidente da BRF. O encontro foi considerado "social". O objetivo de Abilio era deixar claro que não pretende ser agressivo nem passar por cima de ninguém. Fay ouviu e fez poucas considerações.

Fonte: Avisite

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