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BRF, a companhia sem dono, começa nova fase

Agora é oficial. No dia 9 de abril termina a era de Nildemar Secches à frente da BRF, a fabricante de alimentos das marcas Sadia e Perdigão


Publicado em: 05/02/2013 às 17:30hs

BRF, a companhia sem dono, começa nova fase

O executivo anunciou na sexta-feira, na primeira reunião do conselho de administração da empresa deste ano, que não pretende ser reconduzido ao cargo de presidente do colegiado na assembleia geral ordinária, marcada para essa data.

O executivo está à frente do conselho desde outubro de 2008, quando passou a presidência executiva a José Antonio do Prado Fay. Nildemar conduzia a então Perdigão desde 1994, quando os fundos de pensão, liderados por Previ e Petros (fundos do Banco do Brasil e da Petrobras, respectivamente) compraram o negócio quebrado da família Brandalise. Agora, terá mais tempo para se dedicar a novos conselhos, se quiser. Além da BRF, Nildemar participa dos conselhos de WEG, Iochpe-Maxion e Ultrapar.

Com o anúncio da saída de Nildemar, o mercado e até mesmo a administração da companhia acordarão para o fato de que a BRF é uma empresa sem dono, de capital pulverizado, quase uma companhia pura de mercado. Sua presença tornou-se uma referência e, para muitos, a "cara" do negócio.

A maior acionista da BRF é a Previ, que tem 12,3% das ações ordinárias. Em seguida, aparece a Petros, com 10,1%. O terceiro maior investidor é a gestora de recursos Tarpon, com 8%, e que concentra 40% de seus investimentos na empresa. Depois, aparece a gigante americana BlackRock, com pouco mais de 5%, seguida pelas fundações Valia e Sistel, com 1,3% e 1,4% (ver tabela acima).

Tudo o que se sabe sobre a sucessão de Nildemar até o momento é que o empresário Abilio Diniz, sócio-fundador, minoritário e presidente do conselho de administração do Grupo Pão de Açúcar, tem interesse em assumir a posição de liderança no conselho. Entretanto, o cenário ainda é bastante nebuloso, dado que ninguém se posicionou oficialmente.

A iniciativa de Abilio é apoiada por um convite recebido da Tarpon, em meados do ano passado, e para o qual passou a olhar com maior interesse no quarto trimestre do ano passado. O empresário também deve receber o apoio da Previ. Porém, ainda não está costurada uma aliança completa. Daí o espaço para especulações de toda sorte, o que torna a rotina da administração executiva desconfortável neste momento.

Abilio deve tornar-se o quinto maior acionista da BRF, com algo entre 3,5% e 4% das ações, pois seu apetite era de aplicar até R$ 1,5 bilhão nas ações da empresa.

Já se pensou em várias maneiras de organizar o novo conselho de administração da BRF. Agora, segundo o Valor apurou, caminha-se na direção de um acordo de cavalheiros, sem nada no papel. Nesse conselho, uma aliança já está acertada, a que une Tarpon e Abilio. Na avaliação deste, que vive uma complicada convivência no Pão de Açúcar com o sócio Casino, é que quanto menos amarras na construção de um acordo, melhor.

A estrutura de capital pulverizado da BRF foi herdada da Perdigão. Nildemar levou a companhia ao Novo Mercado, ainda em 2006. Na época, os fundos de pensão se uniram num acordo de voto - que venceu em março de 2011 e não foi renovado. Entretanto, a dispersão do capital foi ampliada com operações de mercado. As mais significativas foram a captação para compra da Eleva, em 2008, e a incorporação da Sadia, em 2009, seguida de uma oferta pública de R$ 5,2 bilhões, para fazer frente às dívidas que vieram com a Sadia, por conta dos derivativos cambiais que a levaram à lona no auge da crise financeira internacional.

Desde a combinação, o valor de mercado da BRF dobrou. A companhia vale atualmente em bolsa R$ 37 bilhões. Entre o fim de 2012 e o começo deste ano, alcançou sucessivos recordes no mercado, beirando os R$ 40 bilhões. Mas há acionistas que calculam um potencial robusto de valorização, e que a ação, hoje em R$ 42,56, pode chegar próximo de R$ 60. Para esses investidores, a troca na gestão deve trazer um novo fôlego à empresa.

É o elevado preço da companhia em bolsa, combinado a um mecanismo em seu estatuto social, chamado pílula de veneno, que a protegem, hoje, de uma oferta por seu controle. Além dos R$ 40 bilhões de mercado, um interessado em ser sócio majoritário - ou ter mais de 20%, mais especificamente - teria que estar disposto a fazer uma oferta a todos os acionistas com um prêmio ainda de 35%. Nada impede, porém, que a nova gestão tente remover esse empecilho.

Fonte: Avisite

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