Publicado em: 02/04/2013 às 15:00hs
Presunto cru espanhol, pastas italianas, queijos franceses, cervejas belgas e alemãs, enlatados israelitas, ketchup e mostarda norte-americana são alguns dos produtos que o governo de Cristina Kirchner liberou a importação. Para o Brasil, no entanto, a liberação foi limitada e alcançou só milho e abacaxi em lata, segundo fonte consultada pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.
Frios, biscoitos e demais alimentos brasileiros continuam com o mesmo tratamento "demorado" nas autorizações. No ano passado, o superávit brasileiro no comércio bilateral sofreu queda de 73%, passando de US$ 5,9 bilhões para US$ 1,6 bilhão. O fluxo comercial entre os dois países em 2012 foi de US$ 34,44 bilhões, bem abaixo dos US$ 39,6 bilhões de 2011. As vendas brasileiras para a Argentina somaram US$ 18 bilhões, 21% menos do que os US$ 22,7 bilhões do ano anterior. No primeiro bimestre de 2013, o resultado para o Brasil manteve a tendência de queda, com déficit de US$ 139 milhões.
O comportamento da Argentina com outros países de fora do Mercosul, no entanto, foibem diferente e o país vizinho registrou aumento de até 52% no superávit comercial em 2012, como a Alemanha, por exemplo.
Há duas semanas, a presidente Cristina indicou que reabria as importações para forçar os empresários locais a baixarem os preços. "A abertura para alimentos e bebidas vai na direção correta, mas precisamos que a liberação da entrada de insumos e peças para a indústria seja mais ágil", disse ao Broadcast o gerente de Relações Institucionais da Câmara de Importadores da República Argentina (Cira), Miguel Ponce. No caso específico do Brasil, o executivo preferiu não fazer comentários.
Reação. Para o economista e colunista do Estado José Roberto Mendonça de Barros, o Brasil tem tido uma "paciência bovina" com a Argentina que está custando muito caro para as exportações brasileiras e o crescimento do País. Ele alerta que a presidente Dilma Rousseff precisa reagir e ter uma ação dura com o governo argentino.
Segundo ele, a Argentina está vivendo uma crise muito grande e corre o risco de ter um colapso cambial em breve. Porisso, o governo Kirchner está se defendendo. "Uma das razões do pibinho brasileiro do ano passado foi a exportação muito menor para Argentina devido a essa política maluca deles.".
Mendonça de Barros destaca ainda que a Argentina tem bloqueado acordos com outros países. Na sua avaliação, essa passividade do Brasil chegou na fase do abuso, porque as empresas brasileiras estão tendo dificuldades na Argentina, como já ocorreu com Vale e Petrobrás. Para ele, se a economia argentina entrar em colapso, o crescimento doPIB brasileiro deve ficar abaixo dos previstos 3%.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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