Publicado em: 21/10/2009 às 16:55hs
Classificada como uma das áreas das Ciências Agrárias, a Tecnologia de Alimentos envolve principalmente conhecimentos técnico-científicos, relativos à industrialização de produtos de origem vegetal e animal. Sua abrangência se estende desde a seleção de matérias-primas até o transporte e comercialização dos produtos. A tecnologia de alimentos fornece importantes recursos que auxiliam na geração de produtos com maior valor agregado em relação às matérias-primas agrícolas in natura. Tais recursos são principalmente relacionados com o processamento e a embalagem de alimentos.
A “agregação de valor” é uma estratégia de produção bastante recomendada para as empresas do setor agroalimentar. Utilizada a favor do aumento da competitividade, ela pressupõe a antecipação de tendências, a distinção de mercados em termos de quantidade e qualidade, a busca de inovações e marcas diferenciadas e a identificação da percepção dos consumidores. Geralmente, procura se evidenciar por meio da redução de custos de produção ou do aumento da propensão de compra do comprador. Baseia-se fundamentalmente na adaptação contínua e rápida das empresas a novas tendências do ambiente externo.
No setor agroalimentar, a geração/aquisição e aplicação de tecnologias eficientes é uma condição importante para a agregação de valor a matérias-primas. A redução de custos pode ocorrer em termos financeiros ou em termos de conveniência ou tempo. A propensão de compra pode ser aumentada graças à oferta de produtos com maior qualidade e segurança. Existem várias práticas adotadas para a agregação de valor a produtos. Tais práticas incluem a modificação dos ingredientes do produto, modificação das funções principais de uso do produto, substituição dos itens acessórios (embalagens, por exemplo), modificação da forma de distribuição, seleção dos locais de oferta do produto.
Apesar de ser tradicionalmente um país exportador de commodities, o Brasil vem agregando cada vez mais valor a seus produtos nos últimos trinta anos. A mudança na sua trajetória surgiu na década de 1970, quando os produtos manufaturados começaram a ganhar maior participação na pauta de exportação do Brasil. No período de 1997 a 2005, a proporção de agregação de valor nas exportações de semi-manufaturados e manufaturados dos agronegócios foi significativa, atingindo em média um nível superior a 50%.
Atualmente, muitas empresas agroindustriais, atuando no Brasil, estão procurando agregar valor às matérias-primas utilizadas. Em busca de maior lucratividade, elas se empenham em assegurar a fidelidade dos consumidores a partir do atendimento de suas necessidades e exigências. Procuram alcançar diversos objetivos tais como atendimento às necessidades vitais do organismo e fornecimento de minerais, carboidratos, vitaminas e proteínas. Outro objetivo bastante destacado é o atendimento aos anseios e valores de saúde e estética. Neste sentido, os produtos com baixo nível de açúcar e gordura constituem exemplos de agregação de valor a produtos ofertados com base na demanda do mercado consumidor.
No Brasil, a agregação de valor a matérias-primas agropecuárias vem ganhando, cada vez mais, expressividade, com um número maior de produtos ofertados no comércio local, nacional e internacional. A adoção desta estratégia produtiva por muitas empresas se explica automaticamente, pois, no atual ambiente de globalização e competição, elas precisam gerar novos produtos com diferenciais percebidos pelo mercado e capazes de garantir vantagens competitivas em relação aos principais concorrentes.
Graças a recursos tecnológicos, oferecidos por organizações de pesquisa que atuam no setor agroalimentar, elas têm a chance de gerar novos produtos competitivos no mercado globalizado, aumentar as exportações e contribuir para um saldo positivo no balanço do comércio exterior. É nesse contexto que vem se expressando e se consolidando cada vez mais a importante atuação da Embrapa Agroindústria de Alimentos cuja missão é viabilizar soluções tecnológicas para o setor agroalimentar, com foco na inovação e atendendo às expectativas dos consumidores por qualidade e segurança.
André Yves Cribb (aycribb@ctaa.embrapa.br), Doutor em Engenharia de Produção, pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos
Fonte: Embrapa Agroindústria de Alimentos
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