Nutrição Animal

Subprodutos se tornam alternativa viável para a nutrição bovina em tempos de alta dos insumos

Concorrência na produção de etanol e aumento dos preços das commodities encarecem a engorda, subprodutos surgem como solução


Publicado em: 01/07/2024 às 09:00hs

Subprodutos se tornam alternativa viável para a nutrição bovina em tempos de alta dos insumos

Em meio à alta dos insumos, o uso de subprodutos na alimentação bovina surge como uma alternativa estratégica para os pecuaristas que buscam reduzir custos nos sistemas de engorda, tradicionalmente baseados em matérias-primas nobres como milho e soja. O médico-veterinário e gerente comercial da Connan, Gabriel Pagno, destaca a necessidade de reavaliar essa prática, especialmente devido à concorrência que esses insumos enfrentam na nutrição humana, de monogástricos e na produção de etanol, fatores que elevam os preços das commodities no mercado.

Pagno lembra que os sistemas intensivos de engorda começaram com o uso de subprodutos, que posteriormente foram substituídos por milho e soja. A retomada do uso de subprodutos na nutrição bovina deve considerar fatores como logística, umidade, tempo de armazenamento, composição nutricional, nível de inclusão na dieta e a dispensabilidade de processamento (moagem).

Entre os subprodutos considerados viáveis estão o caroço de algodão, soja e derivados (casquinha), DDGs (grãos secos de destilaria) e o resíduo úmido de cervejaria (cevada). “O caroço de algodão é conhecido como 'coringa da nutrição animal'. Ele possui rendimento de até 55% após beneficiamento, aumentando a energia da dieta sem alterar a fermentação ruminal, além de melhorar os teores de fibra e proteína”, explica Pagno.

Outra opção é a casquinha de soja, subproduto obtido após a extração do óleo vegetal, que pode substituir alimentos nobres como milho e sorgo. “A casquinha possui elevados teores de fibra de alta digestibilidade, beneficiando a manutenção do pH ruminal, com aproximadamente 12% de proteína bruta em sua composição”, acrescenta o gerente.

Os DDGs, farelo proteico obtido após a fabricação de etanol, possuem proteína bruta entre 26% e 30%. “Os aminoácidos chegam intactos ao duodeno, aumentando a síntese de proteína bruta no animal”, detalha Pagno. Ele recomenda a inclusão de até 45% da matéria seca das dietas, destacando seu baixo teor de amido, adequado para dietas densas em energia. “É um alimento completo, fornecendo proteína bruta e energia através de altos nutrientes digestíveis totais.”

A cevada, subproduto da fermentação da cerveja, é outra alternativa. Possui cerca de 30% de proteína bruta e alta palatabilidade para o gado, estando disponível durante todo o ano.

“É fundamental estudar substitutos eventuais nas rações e dietas, enxergando isso como uma oportunidade para reduzir custos e melhorar resultados, além de aumentar lucros. Ambientalmente, daremos um destino nobre a rejeitos industriais. O boi possui alta capacidade de adaptação a novos alimentos, transformando resíduos em proteína nobre para o mundo”, conclui Pagno.

Fonte: Portal do Agronegócio

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