Publicado em: 07/11/2024 às 15:00hs
A transição entre o período de seca e o início das chuvas impõe desafios significativos ao manejo nutricional do rebanho na produção pecuária. Um planejamento eficaz é essencial para manter o desempenho dos animais, considerando que o ganho de peso pode ser dificultado durante a seca. Para mitigar essas perdas, a adoção de estratégias adequadas se mostra fundamental.
Durante a seca, a escassez de chuvas e de luz solar, juntamente com temperaturas mais baixas em algumas regiões do Brasil, impede o crescimento do capim. Com a chegada das chuvas e o aumento da temperatura, as plantas rebrota rapidamente. No entanto, manter um grande número de animais em pastagens já desgastadas pela seca pode comprometer o vigor dessa rebrota. Bruno Marson, zootecnista e diretor técnico industrial da Connan, explica: “A recuperação das pastagens deve ser acompanhada de um manejo cuidadoso”.
Outro aspecto a ser considerado é que as folhas tenras e de alta digestibilidade da rebrota passam rapidamente pelo trato digestivo dos animais, podendo resultar em diarreia e afetar negativamente o desempenho do rebanho. Uma alternativa para minimizar esse problema é fornecer um nível mais elevado de suplementação ou, quando necessário, utilizar volumosos.
Em propriedades que apresentam pastagens com grande quantidade de folha seca, as folhas podem se desprender do talo durante a transição, dificultando o acesso dos animais à pastagem recém-rebrotada no início das chuvas. Além disso, o acúmulo de material morto no solo pode criar um microambiente propício para pragas, como cigarrinhas e fungos, que causam distúrbios nos animais.
Marson recomenda: “Quando as chuvas se estabilizarem, o produtor deve rebaixar a macega seca e aumentar a taxa de lotação. Uma boa estratégia é concentrar o rebanho nos pastos com maior disponibilidade, permitindo que os outros pastos descansem e retomem a brotação”. É comum que, no início das chuvas, ocorra uma redução no consumo de suplementos, uma vez que os animais preferem os brotos de capim.
Para as espécies forrageiras, a altura ideal para rebaixamento das brachiárias é de 10 a 15 centímetros, enquanto para os panicuns a altura recomendada é de 30 a 40 centímetros. Marson sugere que os pastos de panicuns sejam rebaixados primeiro, pois eles rebrotam com mais vigor e suportam uma alta lotação durante o período chuvoso, garantindo uma boa estrutura nas pastagens.
Durante essa transição, aumentar a suplementação dos animais pode ajudar a amenizar a perda de peso do rebanho. Contudo, Marson alerta que o desempenho animal, mesmo com essa alternativa, não atingirá seu potencial máximo, já que o pasto ainda constitui a base da alimentação. “Um manejo bem estruturado é crucial, uma vez que a nutrição animal representa de 40% a 60% dos custos totais de uma propriedade. Portanto, a escolha de suplementos de qualidade e com origem certificada é fundamental para obter bons resultados”, enfatiza o zootecnista.
Animais em fase de crescimento e terminação podem ter sua alimentação complementada com uma mistura do suplemento utilizado durante a seca e aquele indicado para a estação chuvosa. “Essa transição deve ser feita de forma gradual, misturando os dois suplementos por uma semana antes de adotar exclusivamente o indicado para a época. Se isso não for viável, a troca deve ocorrer no início das chuvas, sempre respeitando o espaçamento necessário entre os cochos para atender a todo o rebanho”, ressalta o diretor.
A utilização de suplementação aditivada nesse período é vantajosa, pois favorece um maior aproveitamento das pastagens e melhora o desempenho dos animais. O suplemento aditivado otimiza a fermentação ruminal, proporcionando mais energia na dieta e contribuindo para o melhor aproveitamento do pasto verde.
Fonte: Portal do Agronegócio
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