Maquinas e Implementos

John Deere Aponta Brasil como Líder na Adoção de Máquinas Agrícolas Autônomas

Parceria com a SpaceX pode acelerar a transição para a automação no campo


Publicado em: 10/01/2025 às 08:00hs

John Deere Aponta Brasil como Líder na Adoção de Máquinas Agrícolas Autônomas

O Brasil tem o potencial de se tornar líder mundial na adoção de máquinas agrícolas autônomas nos próximos anos, segundo executivos da John Deere, maior fabricante global de maquinário agrícola, durante sua participação na CES 2025, em Las Vegas. A automação é o tema central da presença da empresa na maior feira de tecnologia do mundo, que se estende até sexta-feira (10/1).

Apesar de os primeiros avanços estarem limitados ao mercado americano, as condições no Brasil, como a falta de conectividade em áreas agrícolas e a necessidade de regulamentação específica, ainda representam desafios para a plena adoção dessa tecnologia no país. No entanto, a John Deere acredita que a automação pode ajudar a suprir a escassez de mão de obra qualificada, melhorar a eficiência da produção e reduzir custos, embora não tenha previsto um prazo específico para a implementação em larga escala.

Parceria com a SpaceX impulsiona conectividade no campo

Uma das principais iniciativas da John Deere para acelerar a adoção de tecnologia autônoma no Brasil é a parceria com a SpaceX, de Elon Musk, para fornecer internet via satélite por meio da Starlink. As novas máquinas produzidas no Brasil serão equipadas com antenas da Starlink, possibilitando conectividade em áreas rurais de difícil acesso. As primeiras unidades com essa tecnologia começarão a ser fabricadas nas próximas semanas nas fábricas da empresa em Horizontina e Montenegro (RS), e em Catalão (GO), com as vendas previstas para o primeiro trimestre deste ano.

A expectativa é que, em até 24 meses, todas as novas máquinas no Brasil estejam conectadas via Starlink, e que a adaptação ou substituição de equipamentos antigos ocorra dentro de um prazo de cinco anos. Cristiano Correia, vice-presidente de Sistemas de Produção da John Deere para a América Latina, afirmou que a meta é conectar 1,5 milhão de máquinas globalmente até 2026, com “centenas de milhares” no Brasil.

O desafio da conectividade no Brasil

O Brasil, com vastas áreas agrícolas distantes de grandes centros urbanos, enfrenta dificuldades em atrair mão de obra para o campo. No entanto, a capacidade de monitorar as operações remotamente, via dispositivos móveis, representa um avanço significativo para a agricultura. “Acredito que o Brasil será um líder em automação, pois possui grandes áreas agrícolas distantes de cidades, o que dificulta o acesso à mão de obra”, destacou Cristiano Correia.

Ainda assim, a falta de conectividade em cerca de 80% da área agrícola brasileira é um obstáculo considerável, em comparação com os Estados Unidos, onde apenas 20% das áreas ficam sem internet. Aaron Wetzel, vice-presidente global de Sistemas de Produção e Agricultura de Precisão da John Deere, ressaltou que a parceria com a Starlink ajudará a resolver esse problema, proporcionando a conectividade necessária para que os agricultores brasileiros possam tomar decisões em tempo real.

Avanços tecnológicos nos Estados Unidos

Nos Estados Unidos, a automação agrícola já é uma realidade, com centenas de máquinas autônomas em operação, particularmente no Meio-Oeste, onde a escassez de trabalhadores tem impulsionado a adoção dessa tecnologia. Durante a CES 2025, a John Deere apresentou dois novos tratores autônomos, incluindo o modelo 9RX, o maior da empresa, que opera com 16 câmeras e sensores avançados, e um modelo 100% elétrico de 130 cavalos, capaz de operar por até 12 horas com recarga em 30 minutos. Além disso, a empresa lançou kits de atualização para máquinas antigas, permitindo que alcancem certos níveis de automação.

Perspectivas para o Brasil

Com a parceria com a Starlink e a crescente demanda por soluções tecnológicas no campo, a John Deere aposta no Brasil para aumentar a produtividade e expandir a área cultivada, incluindo a conversão de terras degradadas. A empresa já investiu quase R$ 3 bilhões no país nos últimos anos, com novos produtos, fábricas e a expansão de unidades. A América Latina, que representa 20% do faturamento global da John Deere, segue como a região com maior crescimento, impulsionada principalmente pelo Brasil, apesar da queda de 16% nas receitas globais da empresa em 2024, que somaram cerca de US$ 51,7 bilhões.

Fonte: Portal do Agronegócio

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