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Nordeste multiplica a produção e o consumo de lácteos com investimentos em genética e tecnologia

No leite, o Nordeste cresce a um ritmo chinês


Publicado em: 29/02/2012 às 13:00hs

Nordeste multiplica a produção e o consumo de lácteos com investimentos em genética e tecnologia

”A frase, que pode parecer exagerada, é de Raimundo Reis, diretor da Leite e Negócios, empresa de consultoria do Ceará que lança há duas temporadas um anuário e exibe dados completos sobre produção e consumo em toda a região. O Nordeste imprime maior velocidade em relação a outros Estados brasileiros nos quesitos consumo per capita, produção total de leite, aumento do rebanho e apuro na qualidade das vacas. No rastro da expansão – a população nordestina é de 50 milhões de pessoas e muitas estão sendo incorporadas agora ao mercado –, grandes indústrias como a Nestlé, a BR Foods, a Danone e a Bom Gosto inauguraram filiais no Ceará e em Pernambuco. Lá se instalaram também empresas de inseminação artificial e redes de varejo, informa Reis.

A locomotiva é Pernambuco. Segundo o analista, em 2004, o Estado captava 397,5 milhões de litros ao ano. Fechou 2010 com 877,4 milhões de litros. “Em seis anos apenas, houve um incremento de 480 milhões de litros”, ressalta Reis. Segundo ele, a cada ano, o volume coletado em Pernambuco sobe 20%. Na Bahia e no Ceará, entre outros, a expansão segue sem pausa.

Ainda baixa, a demanda per capita de leite líquido e seus derivados como iogurte é de 27,47 quilos no Nordeste – são 47,6 quilos na média nacional. “Apesar de reprimido, o consumo dobrou na última década e reflete a melhora no bolso da população nordestina”, diz Reis, informando também que iogurte e outros industrializados são os preferidos nas gôndolas.

Segundo números da Leite Brasil, a produção leiteira nordestina dobrou desde a virada do século, de 2 bilhões de litros para 4 bilhões de litros. Para Reis, além da melhoria do poder aquisitivo da população, contribuíram para o avanço do leite os programas oficiais de fomento à produção, investimentos no padrão genético do gado e a maior capacidade de processamento da matéria-prima.

Já em praças tradicionais, como a de São Paulo, espremida pela concorrência da cana e pelo alto preço das terras, a produção de leite engatou marcha a ré. Nos últimos anos, liquidações barulhentas de rebanho fecharam a porteira de fazendas que exploravam secularmente a atividade. Especialistas explicavam, na ocasião, que boa parte das vacas férteis ofertadas era adquirida por fazendeiros do Nordeste para aprimorar o plantel pouco produtivo do Sertão. Eles anteviam que a pecuária brasileira estava mudando de mão e de região. “Acertaram”, confirma Raimundo Reis, registrando ainda que, analisados pontos específicos, como produção e demanda, a pecuária de leite no Nordeste mostra similaridade com o crescimento da economia da China.

Em 2011, por sinal, a Embrapa Gado de Leite levou ao Nordeste, pela primeira vez, o Congresso Internacional do Leite, realizado há dez anos. Segundo Duarte Vilela, diretor-geral da Embrapa, o evento foi promovido em reconhecimento à importância crescente da cadeia produtiva do leite para a economia da região. “O Nordeste produz próximo de 4 bilhões de litros de leite por ano, representando 13% da produção nacional.”

Fonte: Revista Globo Rural

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