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Leite: importação derruba preços internos e prejudica produtor de SC

A importação maciça e predatória de leite do Uruguai continua prejudicando os criadores catarinenses


Publicado em: 18/06/2012 às 20:00hs

Leite: importação derruba preços internos e prejudica produtor de SC

Reunido em Chapecó no fim de semana, o Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Estado de Santa Catarina aprovou os preços de referência da matéria-prima leite do mês de maio e a projeção para junho de 2012.

Os valores divulgados compreendem os preços de referência para o leite-padrão, bem como o maior e menor valor de referência, de acordo com os parâmetros de ágio e deságio em relação ao leite-padrão, calculados segundo metodologia definida pelo Conseleite/SC.

Os valores se mantiveram estáveis com redução média de 1 centavo: o valor para o leite posto na propriedade com Funrural incluso baixou de R$ 0,6617 para R$ 0,6515/litro. O leite acima do padrão ficou em R$ 0,7492 e o abaixo R$ 0,5923.

O vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC) e também do Conseleite, Nelton Rogério de Souza, manifestou preocupação com o aumento das importações de leite em pó do Uruguai. De 2008 para cá, a média de importação do produto uruguaio cresceu mais de 900%.

Em 2008, a média de importação do leite em pó uruguaio era de 375 toneladas mensais. Nos primeiros quatro meses deste ano, o Brasil importou um volume médio de 3,8 mil toneladas/mês do país vizinho. Essa quantidade, acrescida das importações chilenas e argentinas do mesmo produto, chega a um volume médio de 8,5 mil toneladas por mês.

O impacto dessas importações para a cadeia produtiva em Santa Catarina e no Brasil já reflete na redução do índice de captação de leite nos últimos 17 meses. Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), de janeiro a março deste ano, o índice de captação não cresceu pela primeira vez desde a sua criação. No mês de março, o índice registrou queda de 4% em relação a fevereiro.

Outro problema que agrava a situação da cadeia produtiva do leite são as assimetrias existentes entre os países do Mercosul, como o câmbio, custos de produção e até o clima. Para se ter uma ideia do quanto esses fatores impactam no mercado, a indústria brasileira vende o quilo do queijo mussarela pelo preço de R$ 10,30 no atacado, enquanto que o produto argentino chega ao mercado varejista nacional a R$ 7,50 o quilo. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o preço médio de importação do leite em pó, em março deste ano, foi 25% menor que o preço do produto nacional.

Para mitigar os efeitos da importação predatória de leite em pó na cadeia produtiva brasileira, Souza recomenda medidas emergenciais que precisam ser adotadas pelo governo brasileiro, entre elas, um acordo de cotas com o Uruguai e a manutenção do pacto com a Argentina, com a inclusão do item queijo na negociação.

Com o objetivo de aumentar a competitividade do produto brasileiro, a FAESC apoia iniciativa da CNA para a isenção de impostos (PIS/COFINS) que incidem sobre a ração animal e o sal mineral, cuja alíquota é de 9,25%.

Fonte: MB Comunicação Empresarial/Organizacional

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