A instabilidade política vivenciada pelo Oriente Médio, somada ao embargo russo e alta do dólar levaram o volume de exportações de carne bovina matogrossense a cair 30,1% no primeiro bimestre de 2012 frente a 2011. O decréscimo foi de 30.130 toneladas de equivalente carcaça (carne in natura e industrializada) para 21.049 toneladas. Já a receita gerada com a comercialização decaiu 17,1% no período, de US$ 110,74 milhões para US$ 91,75 milhões.

As informações são do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), que revela ainda queda de 48,8% no volume exportado em fevereiro ante o mês em 2011. Para o setorprodutivo, a demanda interna é a salvação, o que deve gerar "um aumento da importância no consumo da produção de carne do país", como relata o Imea.

De acordo com o boletim semanal da bovinocultura divulgado pelo Instituto, somente para o Oriente Médio a quantidade de carne bovina comercializada reduziu 74,2%, de 10.714 toneladas no ano passado para 2.762 em 2012. Já em receita, a retração chega a 69,3%, enquanto em 2011 as exportações para o Oriente Médio geraram US$ 39,97 milhões, este ano apenas US$ 12,23 milhões.

O superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, explica que a instabilidade política vivenciada pelo Oriente Médio foi um dos fatores que puxou as exportações para baixo. Ele comenta que o setor espera que tal situação vivenciada por tal bloco não vire uma crise econômica também. "Além disso, ainda enfrentamos o embargo russo e a constante alta do dólar nos últimos meses também influencia na baixa comercialização".

Ao contrário do Oriente Médio, as vendas para a União Europeia aumentaram 68,5% em 2012, um salto de 1.235 toneladas para 2.082 toneladas. Já a receita cresceu 66,01%, passando de US$ 8,549 milhões em 2011 para US$14,193 milhões. "Ficamos dois anos sem exportar para este bloco e agora estamos retomando as vendas", explica Vacari. Já para a China no período o incremento foi de 23,14% no volume e 61% na receita.
 
Segundo Vacari, as expectativas do setor é que ao longo de 2012 a situação se reverta e que as exportações possam vir a ter um incremento, frente a 2011, de 5% a 10%. "Caso contrário nossa salvação será o mercado interno para equilibrar. O ano de 2012 será de dependência da demanda externa".

Somente em fevereiro, o superintendente da Acrimat comenta que 664 mil cabeças de bovinos foram abatidas em Mato Grosso, o segundo maior abate da história no Estado, influenciado pelo consumo interno.

Fevereiro - Em fevereiro o volume exportado, conforme relatório do Imea, caiu 48,8% em relação ao mês em 2011. Enquanto em fevereiro do ano passado exportou-se 16.870 toneladas, este ano foram apenas 8.635 toneladas. Já em relação a janeiro a queda foi de 30,4%. A receita gerada sofreu decréscimo de 28,05% no período, de US$ 61,733 milhões para US$ 44,414 milhões. Frente a janeiro a retração foi de 6,18%.

Somente para o Oriente Médio foram enviadas 1.297 toneladas que geraram US$ 7,021 milhões. Montantes estes 73,4% e 61,5%, respectivamente, ante fevereiro de 2011 e 11,4% e 34,6% a menos que janeiro.
 
A Venezuela, considerada uma das grande "clientes" da carne bovina de Mato Grosso, adquiriu apenas 1.796 toneladas, o que equivale a US$ 9,054 milhões. Frente a janeiro o volume é 42,7% inferior e a receita gerada é 18,8% menor. Na comparação a fevereiro de 2011 o decréscimo chegou a 33,6% no volume e 11,6% na receita. "No caso da Venezuela o dólar em alta foi o que mais pesou nas exportações", explica Vacari.

Arroba do boi contabiliza desvalorização em fevereiro

O preço da arroba do boi gordo e da vaca gorda no pagamento à vista aos produtores de Mato Grosso registrou queda no mês de fevereiro em relação a janeiro. A queda registrada foi de 2,7% e 2,5% respectivamente, levando a média mensal a encerrar em R$ 84,50/arroba o boi gordo e R$ 78,70/arroba para a vaca gorda. As informações são do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) e a redução nas exportações é uma das influências para a questão, conforme aponta o setor produtivo.

De acordo com o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, existem vários fatores que pesam no preço da arroba. "Todavia o mercado e a concentração de frigoríficos, são os que mais pesam. Se as exportações caem, consequentemente a arroba também sofre queda em decorrência da demanda ser menor".

Outro fator apontado por Vacari são as fusões realizadas entre os frigoríficos, o que acaba reduzindo as opções dos produtores na hora de comercializar os animais. Mato Grosso, segundo levantamento do Imea, encerrou 2011 com 37,6% da sua capacidade industrial frigorífica instalada em plena atividade, enquanto em 2010 a média anual havia sido 33,2%. "Nossa capacidade frigorífica está a todo vapor, porém esperamos que aumente ainda mais este ano", comenta o superintendente da Acrimat.