Publicado em: 18/01/2012 às 14:50hs
Os embarques do Brasil, um dos maiores exportadores globais de carne bovina, devem crescer embalados na recuperação do espaço perdido no mercado russo e por mais vendas para a União Europeia e Estados Unidos.
"Esta é uma previsão baseada em assuntos que estão em andamento", disse a jornalistas Antônio Camardelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), acreditando em menos dificuldades para exportar à Rússia e à União Europeia.
"Vemos a possibilidade de voltar a crescer em volume, como na Rússia..., que pode voltar a patamares anteriores (ao embargo parcial aos frigoríficos)."
Com isso, a expectativa da Abiec é que o setor reverta a queda de 10,8 por cento nas vendas totais do ano passado, quando foram embarcadas 1,09 milhão de toneladas, para um aumento de 10 por cento em 2012.
Já receita com exportação de carne bovina do país subiu 11,65 por cento no ano passado, para 5,37 bilhões de dólares, de acordo com associação, que prevê crescimento nas divisas de 20 por cento em 2012 ante o ano anterior.
Com o aumento expressivo de 25 por cento no preço médio da tonelada exportada no ano passado, o Brasil praticamente igualou a receita recorde de 5,4 bilhões de dólares registrada em 2008.
Em volumes, as exportações brasileiras marcaram um recorde em 2007, quando atingiram 1,6 milhão de toneladas.
MERCADOS
A Rússia foi o principal destino para a carne brasileira, com uma fatia de 22 por cento no ano passado, contra 24 por cento de 2010. Mesmo assim, o embargo parcial imposto em junho de 2011 fez as vendas para o país recuarem 19,5 por cento na comparação com 2010, para 294,9 mil toneladas.
Alguns frigoríficos de três Estados -Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul- estão impossibilitados de vender para o mercado russo desde o embargo imposto em 15 junho de 2011.
"A tendência para este ano, agora que alguns estabelecimentos já foram reabilitados, é de crescimento", disse Camardelli. Segundo ele, a entrada da Rússia na Organização Mundial de Comércio (OMC) e o diálogo entre equipes técnicas dos dois países favorecerão os embarques brasileiros.
Os embarques para a União Europeia, segundo principal destino para o produto brasileiro, recuaram 10 por cento em volume, para 109 mil toneladas. Contudo, registraram crescimento de 21 por cento em receita. Resultado que Camardelli atribui ao mix de cortes de carnes embarcadas para aquele país.
Além disso, o avanço das negociações com a União Europeia sobre a publicação da lista de propriedades habilitadas a exportar para aquele mercado, que agora é de responsabilidade brasileira, permitirá um incremento na oferta.
Atualmente, o Brasil tem 2 mil propriedades habilitadas a fornecer gado para frigoríficos que exportam para a União Europeia, o que engloba 4,3 milhões de cabeças. Antes de 2008, 26 mil propriedades podiam exportar para os europeus.
Agora, com o governo brasileiro assumindo a responsabilidade de fiscalizar e divulgar esta lista de propriedades habilitadas, a indústria espera minimizar a burocracia e elevar a oferta para aquele mercado. Este processo ainda deve ser auditado pelos europeus.
"Vamos ter um número mais palatável de oferta (de carne para o mercado europeu)", acrescentou.
Já os Estados Unidos, oitavo destino para a carne brasileira, tiveram um salto importante neste ano tanto em volume como em receita, superior a 100 por cento na comparação com 2010.
"2011 foi o primeiro ano de embarque cheio, desde que os Estados Unidos reabriram (seu mercado) para a carne industrializada do Brasil", observou Camardelli, explicando a razão do crescimento expressivo.
Os EUA barraram a entrada de carne processada do Brasil em maio de 2010, depois que constataram níveis acima dos tolerados do vermífugo ivermectina na carne exportada pelo Brasil. O mercado norte-americano só foi reaberto em dezembro de 2010. .
A Abiec também vislumbra conseguir embarcar carne in natura para o mercado norte-americano. "Este será um bom ano para evoluir as negociações neste mercado", disse Camardelli.
CONTENCIOSO NÃO É DESCARTADO
A flexibilização da instrução normativa 61, que passa para o governo brasileiro o gerenciamento das propriedades habilitadas a exportar para a Europa, atendeu demanda dos exportadores brasileiros, mas não é fator suficiente para a indústria descartar um pedido de contencioso contra a UE junto à OMC.
O diretor executivo da Abiec, Fernando Sampaio, explica que a indústria ainda estuda ir à OMC por conta dos entraves encontrados para cumprir a chamada cota Hilton.
Por esta cota, o Brasil pode exportar 10 mil toneladas de cortes especiais de carne, volume que o país não consegue alcançar diante das normas específicas aplicadas ao produto brasileiro.
A Abiec quer a uniformização das regras para os países que têm direito a exportar por esta cota, que atualmente variam entre os países que detêm esta cota. "Mas este tema, também está em negociação avançada", disse Sampaio, sem dar mais detalhes.
Fonte: Reuters
◄ Leia outras notícias