Frigoríficos e Abatedouros

Com abate Halal, frango do PR ganha mercado

Indústrias investem para atender as exigências culturais e religiosas dos países do Oriente Médio, principal comprador do estado, na forma de abate da ave


Publicado em: 26/06/2012 às 18:00hs

Com abate Halal, frango do PR ganha mercado

O Paraná, maior produtor e exportador de carne de frango do Brasil, está ganhando mercado com o chamado frango muçulmano. Entre 2009 e 2011, os negócios com a Arábia Saudita, Emirados Árabes e Kuwait, países que ocupam três das seis primeiras posições no ranking dos principais mercados consumidores da ave paranaense, aumentaram 70%, alcançando a cifra de US$ 685 milhões no ano passado. De acordo com dados do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), 35% dos 1 milhão de toneladas de frangos exportados pelo estado no ano passado tiveram como destino o Oriente Médio a produção total foi de 3 milhões de toneladas.

Para atender tamanha demanda, as empresas do setor estão sendo obrigadas a investir para adaptar os sistemas de produção as exigências impostas pelos compradores. As condições para concretizar os negócios não estão apenas nos quesitos sanitários, já que a legislação brasileira é bastante rigorosa. Atender as tradições religiosas e culturais dos países do Oriente Médio é a preocupação do setor. A principal exigência é o abate Halal – a palavra árabe significa legal, permitido (leia mais ao lado), um processo rápido onde o animal não sofre.

“O abate Halal está sendo implantado e as plantas do Paraná adaptadas. O mundo muçulmano é muito grande e o frango é uma excelente opção para alimentação”, diz Domingos Martins, presidente do Sindiavipar. O alcorão, livro sagrado dos muçulmanos, proíbe o consumo de suíno e a carne de boi é muito cara. “As indústrias que puderem, devem investir, pois o Oriente Médio será o maior comprador de frango do Paraná por muitos anos”, complementa.

Atenta ao mercado, a BRFoods adaptou parte das suas 60 plantas espalhadas pelo país para produção do ‘frango muçulmano’. A marca exporta 28% de toda a produção da ave para países do Oriente Médio. “Esqueça vender para eles se o abate não for Halal”, adverte Giovani Rissi, gerente de pesquisa e desenvolvimento internacional e food services da BRFoods.

A marca tem duas plantas preparadas especialmente para atender os países muçulmanos. A fábrica em Carambeí, nos Campos Gerais, tem praticamente toda a produção de 500 mil cabeças/dia destinada ao Oriente Médio. A outra é na cidade de Videira, em Santa Catarina. “São plantas vocacionadas para este mercado”, diz Rissi.

Além do ritual Halal, as indústrias precisam ter funcionários muçulmanos nativos ou covertidos realizando a tarefa, placas com o dizer “Alá seja louvado” espalhadas pelo local de abate e uma sala de oração em direção a Meca onde os trabalhadores podem realizar as orações durante o expediente.

Investimento

A Cocari, cooperativa instalada em Mandaguari, no Norte do estado, está investindo R$ 88 milhões na construção da sua primeira unidade industrial de aves. A fábrica, com inauguração prevista para agosto, está sendo projetada para atender às exigências do Oriente Médio, entre outros possíveis parceiros como a comunidade europeia.

“O local de abate será voltado para Meca, um dos requisitos. Esse é um cuidado a mais que estamos tendo. Assim, quando as missões dos países árabes vierem para verificação será mais fácil de homologarem a fábrica e estabelecermos relações comerciais”, afirma Cláudio Rogério Raimundini, gerente de novos negócios da Cocari.

Quando inaugurada, a unidade terá capacidade de abater 200 mil aves/dia, com possibilidade de alcançar 350 mil cabeças/dia. Segundo o executivo, a ideia é que entre 40% e 60% da produção sejam destinados a exportação, prevista para começar no segundo semestre de 2013.

Fonte: Gazeta do Povo

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