Publicado em: 27/09/2024 às 07:30hs
A crescente demanda global por alimentos tem exigido uma atenção especial ao setor agrícola. De acordo com a consultoria McKinsey, o Brasil precisará expandir sua área cultivável entre 70 e 80 milhões de hectares até 2030 para garantir a oferta de alimentos e combustíveis renováveis. Nesse cenário, o investimento em tecnologias que aumentem a eficiência produtiva e assegurem a rentabilidade torna-se uma prioridade. A tecnologia de aplicação destaca-se como uma das principais ferramentas para auxiliar os agricultores a otimizar resultados e minimizar riscos.
Introduzido por Matuo no início dos anos 1990, o conceito de tecnologia de aplicação envolve a correta utilização de insumos no alvo desejado, em quantidades adequadas e com o menor impacto ambiental possível. Mais de três décadas depois, essa abordagem permanece relevante, tornando-se ainda mais crucial com o avanço de novas técnicas e tecnologias. O mercado já disponibiliza soluções avançadas que visam reduzir desperdícios e custos, mas a eficácia dessas aplicações requer atenção meticulosa em todas as etapas do processo.
Os fertilizantes, por exemplo, representam uma parte significativa dos custos operacionais dos produtores brasileiros, podendo chegar a até 30% do total gasto, conforme informações da Confederação Nacional da Agricultura (CNA). Nesse contexto, o desperdício desses insumos pode acarretar perdas financeiras substanciais. A Dra. Lais Maria Bonadio Precipito, Técnica em Desenvolvimento de Mercado da BRANDT Brasil, ressalta a importância da adoção de boas práticas agrícolas para mitigar perdas. “A tecnologia de aplicação está diretamente relacionada ao manejo eficiente dos produtos agrícolas. As aplicações precisam ser planejadas para atingir o alvo de forma a reduzir perdas, evitando prejuízos ao agricultor. Por isso, é vital que haja precisão e atenção em cada fase do processo. Cada campo e cultivo pode demandar soluções personalizadas, o que requer constante atualização dos profissionais que atuam diretamente no campo, como os operadores”, afirma.
Uma das principais vantagens da tecnologia de aplicação é a capacidade de planejar e adaptar as recomendações de trabalho de acordo com as necessidades e a realidade de cada produtor. O estudo minucioso das culturas e seus ciclos de vida é um pilar dessa abordagem. “Cada fase de desenvolvimento da cultura pode exigir ajustes nas técnicas de aplicação para garantir que os produtos atinjam o alvo de maneira eficaz”, explica a especialista, acrescentando que “esse conhecimento possibilita que os agricultores adaptem suas estratégias e aumentem a eficiência da aplicação”.
Além de considerar o desenvolvimento das culturas, os agricultores devem atentar-se às condições climáticas, que podem impactar diretamente a eficácia da pulverização. De acordo com a Embrapa, fatores como umidade relativa do ar, velocidade e direção do vento e temperatura são determinantes para o comportamento das gotas após a aplicação. Em condições de baixa umidade, por exemplo, as gotas perdem líquido e peso rapidamente, podendo desviar-se de sua trajetória. A umidade mínima ideal para a aplicação deve estar entre 50% e 55%. Ventos fortes ou a ausência de vento, assim como temperaturas excessivamente altas, podem prejudicar a eficácia da aplicação, enquanto temperaturas abaixo de 15ºC podem comprometer o desempenho dos produtos.
A eficiência das tecnologias de aplicação está intimamente ligada à constante capacitação dos operadores. “Um profissional bem treinado é capaz de calibrar corretamente os equipamentos, garantindo a dosagem exata dos insumos e a uniformidade da aplicação. Além disso, deve ser capaz de identificar as condições ideais para a aplicação, levando em consideração o estágio de desenvolvimento da cultura e as condições climáticas”, esclarece a Dra. Laís.
Além de uma máquina devidamente calibrada, a escolha de produtos eficientes e seguros para cada situação é fundamental para proteger tanto o aplicador quanto o meio ambiente durante todo o processo. Os aplicadores devem estar atentos a cada fase da aplicação, começando pelo preparo da calda. “A formação desses profissionais é essencial para que possam aplicar o conhecimento técnico e tomar decisões informadas durante a aplicação”, enfatiza a Dra. Laís, que destaca ainda que a habilidade de interpretar as condições do campo e ajustar as técnicas conforme necessário é insubstituível, mesmo com o avanço das tecnologias.
“Para os agricultores, a atualização constante em relação às inovações e práticas é uma necessidade. O sucesso na aplicação de produtos depende não apenas da tecnologia disponível, mas também do conhecimento e da responsabilidade dos produtores e operadores. Trata-se de um trabalho conjunto entre tecnologia e mão de obra capacitada”, conclui.
Fonte: Portal do Agronegócio
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