Publicado em: 22/04/2022 às 09:00hs
Entre eles, o do adubo, o fertilizante do solo, fundamental para o cultivo em solos tropicais. Sem fertilizante a produção nos trópicos despenca.
O Brasil importa 85% do fertilizante que consome, sendo 23% dele importado da Rússia.
A guerra lá, nos afeta aqui.
Considerando os últimos cinco anos, em função da tremenda expansão da agricultura brasileira, a taxa de importação de adubo cresceu 7,3% ao ano.
A produção, nesse mesmo período, caiu 8% ao ano.
Não, não foi sempre assim, mas nunca o Brasil foi autossuficiente.
Na década de 90, estima-se que metade do adubo consumido pela agricultura brasileira era produzido internamente.
Foram vários os motivos, dentre eles o preço do adubo importado, menor do que o produzido internamente, talvez em função das políticas fiscais, como por exemplo, a isenção da tributação do importado e da taxação do nacional.
E a área explorada aumentou.
Talvez, apesar do apelo do mercado, fosse interessante o Brasil ter uma política de segurança alimentar que incentivasse a produção nacional de fertilizantes, diante da demanda crescente e projeção do consumo futuro.
Por fim, para agravar o quadro, motivados pela pandemia e pelo conflito, países que dependem da importação passaram a estocar o produto, diminuindo a oferta global e consequentemente fazendo com que os preços subissem.
Com a expansão da agricultura, notadamente a agricultura racional e tecnológica e o consumo de fertilizantes aumentou. Produzir mais significa consumir mais adubo.
O quadro é preocupante. Certamente não faltará adubo, mas o preço subirá. Já subiu.
O custo de produção aumentou, a comida ficou cara, teremos mais fome, no mundo e no Brasil. Ações para amenizar esse quadro, tais como auxílios emergenciais, deixarão de ser uma opção para ser uma necessidade.
O boicote econômico e as sanções financeiras à Rússia certamente não facilitarão o quadro para o Brasil. Se isso perdurar, a corrida será encontrar outros países produtores de adubo.
Alcides Torres é engenheiro agrônomo, formado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - ESALQ, da Universidade de São Paulo, é diretor-fundador da Scot Consultoria. É analista e consultor de mercado, com atuação nas áreas de pecuária de corte, leite, grãos e insumos agropecuários. É palestrante, facilitador e moderador de eventos conectados ao agronegócio. Membro de Conselho Consultivo de empresas do setor e coordenador das ações gerais da Scot Consultoria.
Eduardo Abe é zootecnista pela Faculdades Associadas de Uberaba - FAZU, em Uberaba - MG. É analista de mercado da Scot Consultoria.
Fonte: Scot Consultoria
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