Soja

Vendas antecipadas estão mais adiantadas do que nunca em MT

Mais de 50% da safra a ser plantado, a partir de setembro,está travado no mercado futuro. Volume é inédito ao período


Publicado em: 25/07/2012 às 12:50hs

Vendas antecipadas estão mais adiantadas do que nunca em MT

Com o estoque da safra de soja 2011/12 zerado, em Mato Grosso, e preços em ascendência no mercado, restou ao sojicultor aproveitar, à sua maneira, o bom momento das cotações: antecipando a venda daquilo que será plantado daqui a pelo menos 60 dias. A combinação de preços históricos com demanda crescendo acima da produção e o ganho cambial com a valorização do dólar frente ao real seduziram o mato-grossense. O resultado é que o volume comercializado até o momento, mais de 57%, é histórico ao período, já que este percentual de comprometimento da produção só começava a ser registrado no Estado de novembro em diante. A busca pela soja está antecipada em cinco meses.

Com uma estimativa de colher 23 milhões de toneladas na temporada 2012/13, mais uma projeção recorde, os quase 60% já travados significam dizer que mais de 13 milhões de toneladas estão vendidos. Esse volume representa 100% do que foi colhido há dez anos, ciclo 2002/03, ou 64% da safra passada, 2011/12, que totalizou 21,3 milhões de toneladas. A venda antecipada é uma praxe comum no agronegócio e serve como forma de fazer caixa para aquisição de parte ou todo o insumo e como uma segurança de preços, já que o produtor trava a soja no valor que lhe garanta retorno, ou seja, margem de lucro.

Como explica o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a comercialização do estoque da safra 2011/12 já atinge 99,7% e está praticamente concluída. “Porém, apenas 1,5% da soja de Mato Grosso conseguiu ser comercializada nos patamares atuais, chegando a R$ 73, como visto em Rondonópolis na semana passada”.

Para a próxima safra, 2012/13, a comercialização subiu 9,2 pontos percentuais em menos de um mês, saindo de 48,3% do mês passado para 57,5% atual.

“Essa elevação do comprometimento ocorreu com a elevação dos preços futuros da soja, cujos valores já ultrapassam R$ 50 sacas para entrega em março de 2013. No comparativo com o comercializado no mesmo período do ano passado para safra 2011/12, a próxima safra está 29,4 pontos percentuais à frente”. Como destaca o gestor do Imea, Daniel Latorraca, nem com a valorização observada no ano passado em nenhum momento a saca, no mercado futuro, chegou ao nível atual.

A valorização, que vem dando ritmo frenético às vendas antecipadas, tem bases firmes, como explica o Imea. Depois de recentes instabilidades climáticas, comprometendo o desenvolvimento das lavouras norte-americanas, e a diminuição do estoque mundial de soja que chega a 52,5 milhões de toneladas, menor valor em três anos, as cotações da oleaginosa seguiram em forte ascendência e há suporte para que a elevação siga pelo menos até o final de agosto.

Conforme o Imea, a cotação da oleaginosa para o mês de março do próximo ano também segue em alta e já atinge o maior valor para o ano, US$ 15,40/bushel, valorização de 24,6%. “Nas próximas semanas, as condições climáticas adversas para as lavouras do EUA podem agir no mercado que já trava um rali de preços, favorecendo negócios diários com picos de cotações no mercado, que reflete em boas condições de comercialização do grão em Mato Grosso”.

CLIMA - A seca continua castigando o até então maior produtor mundial de soja. Com 55% do país em seca moderada à extrema, segundo o Índice de Seca Palmer, os danos nas lavouras norte-americanas seguem aumentando diariamente. Segundo alguns técnicos dos Estados Unidos, inúmeras lavouras terão produção de grãos zerada.

De acordo com o Departamento de Agricultura do país (Usda), as condições boas e excelentes da soja caíram de 40% para 34% da safra e para piorar o cenário a previsão é de que o tempo continue seco e quente. Com a redução da safra sul-americana, a seca devasta a lavoura em um ano em que uma boa colheita seria necessária para recuperar os estoques mundiais da oleaginosa. Segundo a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), esta é a pior seca da história desde 1956.

REFLEXOS – Segundo dados do Usda, nos últimos 11 anos o consumo mundial de soja cresceu 38%, enquanto os estoques iniciais e a produção cresceram 37%. Especialistas acreditam que as perdas em 2012 serão sentidas por pelo menos mais dois anos se nenhuma outra irregularidade minar a produção norte-americana e a sul-americana.

“Com a baixa expressão da safra 2011/12 na América do Sul, e a iminente quebra da safra norte-americana devido às adversidades climáticas, tem-se uma possível redução na produção mundial e nos estoques finais. Como a projeção para consumo é de 82% da produção para a safra 2012/13, se as estimativas de safra forem diminuindo, pouco a pouco, o mundo passará a observar o estoque final como parte do suprimento”, completa o Imea.

Fonte: Diário de Cuiabá

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