Publicado em: 25/01/2013 às 13:00hs
O preço do frete para navios tipo Panamax no mercado global já respondeu em antecipação à aproximação da abundante safra prestes a ser colhida na América do Sul. O índice de referência já subiu 15 por cento até o momento em 2013.
Duas embarcações programadas para chegar nos próximos dois ou três dias no porto amazônico de Itacoatiara devem ser as primeiras a carregar a soja da nova safra.
No entanto, ainda mais embarcações estão previstas para chegar, muito antes de a oleaginosa alcançar os portos. A antecipação é causada por expectativas de uma corrida que deve entupir a infraestrutura brasileira e atrasar as exportações.
"A expectativa é de que tenhamos filas de até 45 dias", disse André Pessôa, analista-chefe da consultoria Agroconsult, de São Paulo. "A partir de fevereiro, nós viveremos este problema bastante intensamente."
Caso chova, como aconteceu em 2010 durante o carregamento da enorme colheita brasileira de açúcar, os atrasos podem ser ainda maiores. Os portos do Brasil paralisam suas atividades em caso de chuva.
A consultoria FCStone estima que, entre fevereiro e maio, quando o Brasil se torna a maior fonte mundial de soja, o país só deve conseguir exportar um máximo de 22,7 milhões de toneladas.
Pessôa, da Agroconsult, estima que a capacidade máxima de exportação de soja do Brasil seja de cerca de 8 milhões de toneladas por mês, se todos os portos do país estiverem operando perfeitamente.
PREPAREM-SE PARA ESPERAR
Contudo, nesta temporada, a aguardada espera para carregar os navios foi premeditada por grandes importadores como a China, que busca estar entre os primeiros a levar os grãos de soja da safra nova disponíveis para exportação no Brasil.
"O custo de demurrage (um navio parado) é de 15 a 20 mil dólares por dia, então, se você fizer as contas, vale a pena pagar 20 ou até mesmo 30 dias de multa para ser o primeiro a carregar", disse o diretor do setor de soja de uma trading multinacional no Brasil. "Essa parece ser a estratégia dos chineses."
A corrida negociação de soja nos portos deve ser a mais intensa durante março e abril, quando a maior parte dos 25 milhões de hectares no cinturão da soja estará em plena colheita.
Ainda faltam três semanas para a safra chegar aos grandes portos do Sul em volumes grandes para permitir o carregamento constante de navios, disseram operadores.
As tradings também levam em conta problemas na infraestrutura de armazenagem nos seus negócios.
Um estudo recente do IBGE estima que o Brasil tenha pouco menos de 58 milhões de toneladas de capacidade de armazenagem para lidar com o que poderia ser uma safra de 85 milhões de toneladas de soja nesta temporada.
Fonte: Reuters
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