Soja

SOJA: USDA confirma cenário crítico para o grão

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) voltou a reduzir sua estimativa para a produção mundial de soja na safra 2011/12 e deu novo impulso aos preços da commodity no mercado internacional


Publicado em: 14/05/2012 às 09:00hs

SOJA: USDA confirma cenário crítico para o grão

Em seu relatório mensal de oferta e demanda, divulgado nesta quinta-feira (10/05), o órgão estimou a produção da oleaginosa em 236,87 milhões de toneladas, uma redução de 1,3% em relação ao número divulgado em abril e de 10,5% ante a temporada anterior.
 
Pessimismo - A revisão foi, mais uma vez, determinada pelo pessimismo em relação à safra sul-americana, castigada por uma forte estiagem entre dezembro e fevereiro passados. A safra esperada para a Argentina, onde os efeitos da seca foram mais drásticos, foi reduzida para 42,5 milhões de toneladas, uma queda de 5,5% em relação à previsão de abril. Na temporada passada, os argentinos colheram 49 milhões de toneladas. O USDA também reviu para baixo a produção brasileira, de 66 milhões para 65 milhões de toneladas.
 
Estoques de passagem - Nos Estados Unidos, a preocupação são os estoques de passagem. Segundo o relatório, o volume armazenado em 31 de agosto, quando termina a safra 2011/12, será de apenas 5,72 milhões de toneladas, um corte de 16% em relação à estimativa de março. Os estoques americanos minguaram diante do aumento das exportações do grão para a China, que redirecionou parte de suas compras para os Estados Unidos por causa da quebra da safra sul-americana.
 
Reação - Os números não chegaram a surpreender os participantes do mercado, que haviam antecipado um cenário de maior aperto na oferta. Mesmo assim, os preços da soja reagiram e fecharam o dia em forte alta na bolsa de Chicago. Os contratos futuros com entrega em julho, atualmente os mais negociados, fecharam com valorização de 25 centavos, cotados a US$ 14,5525 por bushel.
 
Ambiente hostil - Para o analista da corretora Cerealpar, Steve Cachia, o efeito do relatório sobre os preços da soja poderia ser ainda maior não fosse o ambiente hostil ao risco que predomina nos mercados financeiros. "O mercado financeiro até que aliviou hoje [ontem], mas ainda não estão descartados problemas maiores em função da crise econômica na União Europeia", pondera.
 
Brasil - Cachia avalia que a menor previsão de colheita de soja para o Brasil está bem próxima da realidade, mas alerta que a safra Argentina pode ser ainda mais enxuta que as 42,5 milhões de toneladas previstas pelo USDA. "Acredito que a colheita argentina ainda pode cair mais um milhão de toneladas", afirma.
 
Produção de grãos - O USDA também divulgou nesta quinta suas primeiras estimativas para a produção de grãos da safra 2012/13, que começa em setembro no Hemisfério Norte. Embora preveja uma recuperação expressiva na produção, o cenário ainda é de aperto no balanço entre oferta e demanda.
 
Aumento - Segundo o órgão, o mundo vai produzir 271,42 milhões de toneladas da oleaginosa, um aumento de 14,5% em relação à safra 2011/12, puxado principalmente pela recuperação da produção de Brasil (para 78 milhões de toneladas) e Argentina (para 55 milhões de toneladas).
 
Americanos - Os produtores americanos, que já estão cultivando a nova safra, deverão colher uma safra 4,9% maior, de 87,23 milhões de toneladas. Esse número ainda deve mudar consideravelmente ao longo dos próximos meses, uma vez que ainda não há uma definição sobre o tamanho da área plantada nos Estados Unidos.
 
Menores - Caso se confirme, a expectativa é de que os estoques americanos de passagem da safra 2012/13 sejam ainda menores do que os esperados para este ano: 3,94 milhões de toneladas. "Com esses números, a relação entre estoque e consumo nos EUA cai para apenas 4,4%, o que é um novo recorde de baixa", afirma Vinicius Ito, da Jefferies Bache.
 
 Milho  - Se o cenário para a soja preocupa, os números do USDA para o milho reforçaram a expectativa de uma supersafra e preços mais baixos. Segundo o órgão, os EUA deverão colher quase 376 milhões de toneladas do grão na safra que está sendo plantada, um aumento de quase 20% em relação às 314 milhões colhidas no ano passado. Se a projeção se confirmar, os estoques de passagem americanos deverão mais que dobrar, de 21,6 milhões de toneladas, na safra atual, para 47,78 milhões na próxima temporada. Já a produção mundial deve ser até 8,6% superior, atingindo a inédita marca de 945,78 milhões de toneladas.

 Apertados  - Embora os estoques de curto prazo sigam apertados, os números pesaram sobre os preços da commodity em Chicago. Os contratos com vencimento em julho cederam 19,75 centavos, cotados a US$ 5,8750 por bushel. Para Cachia, a tendência é que os preços fiquem relativamente firmes no curto prazo, mas comecem a recuar à medida que o cenário previsto para a nova safra americana se concretize. É o que sinalizam os contratos com vencimento mais distante. Ontem, o milho para dezembro fechou a US$ 5,07 por bushel.
 
 Trigo  - Embora tenha previsto uma queda acima do esperado na produção e nos estoques mundiais de trigo na nova safra, os preços do cereal ficaram praticamente estáveis em Chicago. A avaliação é de que a oferta do cereal ainda estará em patamares confortáveis após a supersafra de 2011/12. "O trigo é o elo mais fraco do mercado de grãos", afirma Cachia.

Fonte: Assessoria de Imprensa da Ocepar/Sescoop-PR

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