Soja

Soja: Preços reagem mais em MT

Inversão de tendência tem sido observada em função da demanda e atrasos no plantio dos EUA. Saca valorizou mais aqui que em CBOT


Publicado em: 04/06/2013 às 10:40hs

Soja: Preços reagem mais em MT

O mercado da soja está mais volátil e nervoso do que o habitual para o período e isso está favorecendo o grão mato-grossense que acabou mais valorizado que na Bolsa de Chicago. O preço em Chicago, referência internacional para a commodity, nas últimas três semanas, no vencimento julho, teve uma valorização de 7,51%, enquanto no Estado foi a quase 10%. Essa valorização ocorreu devido à demanda pela soja nos Estados Unidos estar bastante aquecida e os estoques deste país estarem extremamente baixos.

Como explicam os analistas do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), em seu Boletim Semanal da Soja, uma saída para o momento seria a demanda voltar-se para a soja do Brasil e da Argentina, porém, os problemas logísticos e políticos impedem que esses países consigam suprir a demanda imediata. Somado a isso está o atraso no plantio dos Estados Unidos que continua mais lento que a média dos últimos cinco anos em 17 pontos percentuais (p.p.). Com um cenário mundial empurrando as cotações para cima, o mercado mato-grossense também sentiu esses reflexos com incremento nos preços nas últimas três semanas de 9,6% (Sorriso), sendo maior que o de Chicago, devido à queda no frete de 14,8% e também pela valorização do dólar em 1,86% nesse mesmo período. “Com o dólar chegando a R$ 2,13 na segunda-feira (03), maior cotação desde o mesmo período do ano passado, a soja nacional se torna mais competitiva”.

O movimento das últimas semanas vem invertendo uma tendência, de baixa traçada meses atrás, puxada pela produção sul-americana (Argentina e Brasil) e por um freio na demanda chinesa, pelo menos em relação à soja do Brasil. Esse cenário atual de alta volatilidade nos preços ocorre devido a dois fatores: a demanda aquecida pela soja, aliada às especulações sobre os atrasos da semeadura da oleaginosa nos Estados Unidos, em virtude do clima desfavorável.

No mercado interno, como destacam os analistas do Imea, os preços da saca da soja no Estado registraram expressivas altas. Em Sorriso (460 quilômetros ao norte de Cuiabá) os preços oscilaram de R$ 48,80/sc, chegando a R$ 49,50/sc. Na praça de Diamantino (210 quilômetros ao norte de Cuiabá) a média semanal fechou em R$ 49,10/sc ante os R$ 48,24/sc da semana passada. Em Campo Verde (139 quilômetros ao sul de Cuiabá), a saca da soja abriu a semana com preços de R$ 51, chegando a R$ 52 e fechando com queda de R$ 0,50, a R$ 51,50. Apesar da queda no mercado futuro, na quarta-feira (29), a alta do câmbio sustentou os preços, que tiveram uma queda menor que a registrada na bolsa de Chicago, sendo em média de R$ 0,50/sc, nas três praças.

FUTURO - O mercado na última semana teve mais uma valorização na Bolsa de Chicago. O contrato com vencimento em julho fechou a semana com 33,75 pontos de alta. A alta no contrato julho tem como principal fator propulsor a oferta restrita da oleaginosa, associado a um mercado consumidor bastante sedento por soja. O contrato com vencimento novembro de 2013, que expressa a expectativa de safra do hemisfério Norte, também teve grande valorização, ultrapassando a barreira dos US$ 13/bushel, fechando a semana com uma valorização de 56,5 pontos cotado a USS$ 13,04/bushel. “A valorização do contrato novembro expressa os problemas vividos pelos produtores dos norte-americanos, com o excesso de chuvas, e em consequência o atraso na semeadura, que eleva os riscos sobre a cultura, aumentando as incertezas sobre a produção esperada para a safra 2013/14 nos Estados Unidos”, destaca o Boletim do Imea.

QUADRO GERAL - De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês), a estimativa de importação de soja em grão da China para a próxima safra é de 69 milhões de toneladas, sendo 68% maior que a do ano 2008/09, que foi de 41,1 milhões de toneladas. “Para os mato-grossenses essa é uma ótima notícia, pois 65,1% das exportações do Estado têm como destino a China. Esse incremento nas importações chinesas em relação ao ano passado é muito importante, visto que Mato Grosso deverá produzir 7,16% a mais que na safra passada, podendo dar destino a 1,69 milhão de toneladas a mais, que deverão ser colhidas na safra 2013/14”.

ATRASO NOS EUA - Com alto índice de umidade no solo, apenas 44%, ante os 81% no mesmo período da safra passada, foram semeados. Segundo dados do USDA, os Estados de Iowa e Ilinois, principais produtores de soja, estão com um atraso de 43 p.p. e 13 p.p., respectivamente. O atraso na semeadura não é sinônimo de quebra de safra, porém, o risco sobre a produção (milhões de toneladas) fica cada vez mais elevado. “O aumento do risco na produção é refletido no mercado, que acaba valorizando a oleaginosa, visto que a demanda continua forte, dependendo dessa safra para amenizar a situação crítica dos volumes dos estoques”, pontua o Imea.

Fonte: Diário de Cuiabá

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