Soja

SOJA: Demanda aquecida nos portos e preços em alta refletem quebra de safra

As exportações recordes para o mês de fevereiro de soja em grão e de farelo de soja comprovam a demanda aquecida pelo produto brasileiro


Publicado em: 06/03/2012 às 17:10hs

SOJA: Demanda aquecida nos portos e preços em alta refletem quebra de safra

Segundo pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, nos portos brasileiros, a demanda é bem superior à quantia de soja que há disponível para ser exportada. Com isso, os preços de todo o complexo soja têm encontrado forte sustentação neste período que se aproxima do pico de colheita no Brasil (previsto para março). As cotações retornaram aos níveis de agosto de 2011, e os valores FOB previstos para até meados de 2012 seguem firmes nos níveis atuais, segundo cálculos do Cepea.

Os preços no mercado externo também reagiram para níveis de agosto de 2011, com impulso das contínuas compras de soja norte-americana por parte da China e receios sobre a oferta global. Pesquisadores do Cepea explicam que redução da safra na América do Sul, devido à falta de chuva, acirra a disputa pelo produto desta região bem como leva compradores a aumentar o interesse pela soja norte-americana da nova safra (2012/13), o que mantém a tendência de alta da oleaginosa.

No Brasil, a região Sul é a mais prejudicada pela estiagem. No Paraná, o Deral/Seab sinaliza que 38% da produção esperada para o estado está comprometida. Neste estado, a colheita chega a 30% e, no Rio Grande do Sul, está sendo iniciada. Em todo o País, a Conab estima produção 8,1% menor que a da safra passada, limitando-se a 69,229 milhões de toneladas.

Conforme pesquisas do Cepea, no geral, produtores seguem apenas cumprindo contratos efetuados antecipadamente e cooperativas e tradings escoam o produto para os portos. Em relação ao produto ainda não negociado, produtores continuam preferindo estocá-lo.

Tanto no Brasil quanto no mercado externo está se observando uma maior demanda por farelo de soja. Considerando-se os bons níveis de preços do óleo de soja, uma reação das cotações de farelo leva a uma sustentação ainda mais consistente do valor do grão. Conforme cálculos do Cepea, ao considerarem-se os primeiros vencimentos dos contratos de farelo e óleo de soja na CME/CBOT, atualmente cerca de 58% da receita total da comercialização desses derivados, por toneladas de soja em grão, vem do farelo. Este nível não era observado desde agosto de 2011.

Referente às negociações da soja posta em armazém do porto de Paranaguá, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa em Real acumula alta de 3,5% neste mês, após ter avançado quase 5% em fevereiro. Nessa segunda-feira, fechou a R$ 52,25/sc 60 kg. Ao ser convertido para dólar (moeda prevista nos contratos futuros da BM&FBovespa), o mesmo Indicador acumulou ganho de 6,5% no mês passado e de 2,3% na parcial deste, a US$ 30,10/sc 60 kg nessa segunda.

Conforme cálculos do Cepea, baseados em prêmios apurados diariamente, o valor FOB do embarque Mar/12 por Paranaguá foi calculado a US$ 30,61/sc de 60 kg nessa segunda-feira, aumento de 12% sobre o final de 2011.

Para o farelo de soja, o valor FOB para embarque em Mar/12 foi calculado em US$ 384,70/t, com elevação de 15,5% no ano. Para o óleo de soja, o embarque Mar/12 é estimado pelo Cepea a US$ 1.190,72/t, ganho de 3,2% também no comparativo com o final de 2011.

No mercado doméstico, o preço médio ponderado no estado do Paraná (Indicador CEPEA/ESALQ) também acumula altas expressivas. Em fevereiro, foram 6% e, neste início de março, já soma aumento de 2,2%, com a saca a R$ 49,66. No ano a valorização é de 5,8%.