Publicado em: 31/01/2025 às 14:10hs
Os prêmios pagos pela soja convencional na safra 2024/25 têm se mostrado bastante atrativos, variando entre US$ 4 e US$ 6 por saca, conforme a oferta e a demanda no mercado. A informação é do Instituto Soja Livre (ISL), que destaca o interesse contínuo no cultivo dessa variedade, apesar da redução na área plantada.
De acordo com César Borges, presidente do Instituto Soja Livre, a produção de soja convencional tornou-se um nicho para produtores especializados devido à necessidade de cuidados específicos desde a seleção da semente até a segregação do grão. “Trata-se de um produto de alto valor agregado, que requer tecnologia e manejo diferenciados. Em contrapartida, os produtores são remunerados com prêmios atrativos, garantindo a segurança da demanda e a liberdade de escolha do sojicultor brasileiro”, afirma Borges.
A China, maior consumidora global de soja, tem demonstrado um interesse crescente pela soja não transgênica, impulsionada pela busca por produtos mais saudáveis e pela preocupação com a segurança alimentar. Entre 2015 e 2025, o país praticamente dobrou sua produção de soja convencional para suprir o consumo interno. Em 2022, além do aumento da produção local, a China importou aproximadamente 1,5 milhão de toneladas de soja livre de transgênicos.
Além da China, países como o Japão também apresentam demanda elevada pela soja convencional, utilizada na produção de alimentos como tofu, leite e óleo de soja. O Japão busca diversificar sua cadeia de suprimentos e reduzir a dependência do mercado norte-americano. Empresas sul-coreanas seguem a mesma tendência, o que pode fortalecer o corredor de exportação de sojas especiais para a Ásia, segundo Fernando Nauffal, consultor do ISL.
Atualmente, estima-se que o Japão importe cerca de 3,5 milhões de toneladas de soja convencional, sendo a maior parte proveniente dos Estados Unidos e do Canadá. Deste volume, um milhão de toneladas são destinadas ao consumo humano, com base em variedades específicas.
A Europa, que enfrentou uma safra frustrante em alguns países, também se destaca como um destino relevante para a soja convencional brasileira. Apesar do crescimento da produção de soja na União Europeia (UE-27) nos últimos dez anos, passando de 1,5 milhão para quase 3 milhões de toneladas em 2023, a necessidade de importação da commodity permanece estável.
A redução da produção local na safra 2024/25, somada às dificuldades nas importações da Rússia e da Ucrânia devido à guerra, tem aumentado a demanda pela soja da América do Sul. Esse cenário favorece os produtores brasileiros, que se beneficiam da crescente procura pelo grão no continente europeu.
A Noruega, maior importadora de soja convencional brasileira, também deve ampliar suas compras devido a fatores climáticos que afetam a aquicultura local, reduzindo a produção de espécies utilizadas na fabricação de farinha e óleo de peixe, principais alternativas à soja como insumo para rações.
Mato Grosso segue na liderança da produção de soja convencional no Brasil, respondendo por cerca de 47% da área plantada no país. Na última safra, o estado produziu mais de 700 mil toneladas do grão. Para 2025, a expectativa é que a produção nacional alcance 1,5 milhão de toneladas.
Apesar do crescimento da demanda, houve uma redução de 21% na área plantada de soja convencional no Brasil na última safra, passando de 686 mil hectares para 543 mil hectares. Em Mato Grosso, a retração foi ainda maior, de 27%, com a área reduzida de 379 mil hectares para 274 mil hectares.
Mesmo diante da redução da área plantada, a soja convencional segue como uma alternativa promissora para os produtores brasileiros, que podem aproveitar os bons prêmios oferecidos pelo mercado internacional. “Com a iminente ampliação da demanda global por essa commodity, o cultivo da soja convencional apresenta excelentes oportunidades de negócios para os agricultores”, destaca Eduardo Vaz, diretor executivo do Instituto Soja Livre.
Fonte: Portal do Agronegócio
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