Soja

Soja: Apetite 135% maior

Importações do grão mato-grossense saltaram de de 765 mil t para 1,8 milhão no 1° trimestre


Publicado em: 14/05/2012 às 13:50hs

Soja: Apetite 135% maior

China e soja têm feito a diferença a cada levantamento sobre o desempenho mato-grossense no mercado internacional. A China agigantou suas compras e a soja é a commodity do momento pela menor oferta que terá neste ano. Por trazer as primeiras toneladas da nova safra no país, Mato Grosso colheu e continua colhendo resultados inéditos. Neste primeiro trimestre do ano, por exemplo, a China foi o destino de 56% da oleaginosa exportada pelo Estado e comparando este período com igual momento do ano, o apetite cresceu consideráveis 135%.

Para analistas, o ritmo acelerado se estenderá ainda no segundo semestre, já que os chineses, além do grão, também querem o óleo de soja e deverão demandar mais volumes no decorrer dos próximos meses.

Mesmo já havendo dados gerais sobre as exportações mato-grossenses até abril, detalhes de embarques do complexo soja (grão, farelo e óleo) só estão disponíveis ainda até março. Mesmo com o intervalo de tempo, os números revelam a importância e a força do consumo chinês para a sojicultura mato-grossense, a maior do Brasil. De janeiro a março, Mato Grosso exportou 3,35 milhões de toneladas de soja em grão, das quais 1,8 milhão t, ou 56%, foram para China. Comparando os volumes com o que foi realizado em igual período do ano passado quando os embarques endereçados aos chineses somou pouco mais de 765 mil t, o avanço foi de cerca de 135%.

Como explica a analista de Conjuntura Econômica do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Gemelli Lyra, o ministério da agricultura chinês já avisou que seu país vai importar 25% a mais neste ano e isso já está acontecendo. “A China que além do grão mato-grossense importava farelo, passou neste ano a importar o óleo de soja e isso é um indicador de como os estoques por lá estão baixos, já que a China compra o grão para processar lá”. E ainda como observa, a demanda pelo óleo de soja deverá manter o mercado aquecido em boa parte do segundo semestre.

Gemelli acrescenta que neste ano a China já importou 15,8 mil toneladas de óleo de soja.

PRINCÍPIO - A ascensão das vendas externas de soja foi reflexo direto da movimentação do campo. Ao contrário do ano passado, por exemplo, quando a sojicultura teve sua colheita postergada em razão da seca que atrasou o plantio e consequentemente todo o desenvolvimento das lavouras, nesta safra 2011/12, a colheita foi antecipada e já em janeiro os produtores começaram a cumprir os contratos de venda e a entregar o grão recém-colhido. “A explicação para o crescimento das exportações estaduais registrada desde o balanço do primeiro bimestre é a soja, ou melhor, disponibilidade de soja”, resume o analista de mercado do Imea, Cleber Noronha, lembrando que no primeiro bimestre do ano passado não havia grão em grande quantidade. O analista lembrou que o Brasil, ou melhor, Mato Grosso, é o primeiro a ofertar soja nova ao mercado – em função da colheita antecipada – e o grão chega justamente no limite de baixa dos estoques, antes que a safra argentina seja ofertada e a norte-americana, definida. E neste ano, para sorte de quem tem grão disponível para comercializar, a escassez do grão confirmada pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), inflamou o mercado e elevou as cotações para cifras inéditas em Mato Grosso, como a saca a R$ 57, em Rondonópolis (210 quilômetros ao sul de Cuiabá), na última quinta-feira, como efeito direto do relatório de oferta e demanda mundial do USDA.

EVOLUÇÃO - O Imea destaca que o ritmo das exportações de soja, em Mato Grosso, teve aumento considerável ao longo de 10 anos, mas comparando três grandes clientes do mercado da soja em grão mato-grossense, os volumes exportados oscilaram para estes destinos. A Holanda, nesse ciclo, teve queda de 51%, saindo de 1 milhão de toneladas em 2000, para mais de 500 mil em 2011. A China, o maior importador do grão, tinha em 2000 compras de mais de 200 mil toneladas, saltou em 2009 a quase 5,5 milhões de toneladas e se mantém. A Espanha, um importador esporádico, que comprava volumes na casa das 100 mil toneladas, em 2011 passou para pouco mais de 630 mil toneladas. “O ano de 2012 promete ser de recordes, pois, só no primeiro trimestre, a China importou cerca de 1,8 milhão de toneladas do grão e os demais países continuam aumentando a demanda”.

Fonte: Diário de Cuiabá

◄ Leia outras notícias