Soja

Safra sul-americana vai determinar rumos dos preços da soja

A América Latina, após quebra de safra norte-americana, passa a atrair os olhares do mundo para o fornecimento de soja no primeiro semestre de 2013


Publicado em: 03/10/2012 às 11:20hs

Safra sul-americana vai determinar rumos dos preços da soja

As mudanças observadas nesta nova temporada mundial vão além da quebra nos Estados Unidos e da possível e inédita liderança global do Brasil na oferta da leguminosa. Este novo cenário mostra que a volatilidade marcante do chamado “mercado de clima” ganha contornos de um 2º round em um intervalo inferior a um ano e pode favorecer os sojicultores mato-grossenses que ainda têm volume da nova temporada a comercializar nos próximos meses.

O mercado de clima sempre foi uma consequência das condições de plantio e desenvolvimento das lavouras dos Estados Unidos. Por serem, até o ano passado – como apontam as previsões –, os maiores produtores e exportadores do grão, qualquer dificuldade e/ou facilidade no decorrer deste processo era suficiente para fazer o mercado, as cotações, subirem e descerem. E a reboque da promessa de um Brasil gigante na safra 2012/13 ultrapassando a casa das 80 milhões de toneladas, o segundo round do mercado de clima será ditado pela safra sul-americana.

Como destaca o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) o ranking dos dez maiores produtores de soja no mundo, quatro estão na América do Sul e o podium tem o Brasil no topo. A estimativa é de que, caso o clima favoreça, haja um desempenho dentro dos patamares médios de produção e seja possível produzir 148,5 milhões de t no continente. Como os Estados Unidos estão produzindo mais para consumo próprio do que para a exportação, o celeiro de grãos para o primeiro semestre de 2013 passa a ser latino-americano. “Entram Brasil, como maior produtor, Argentina, Paraguai, Bolívia e Uruguai, que juntos concentrarão 57,5% da produção mundial na temporada 2012/13, aumento de 8,8 pontos percentuais. Com isso, as exportações brasileiras e mato-grossenses deverão seguir aquecidas por mais um ano praticamente, no momento em que os preços ainda continuarão acima dos patamares médios do mercado”, traz trecho do Boletim Semanal da Soja, divulgado na última segunda-feira. Mato Grosso é o maior produtor nacional de grãos e neste ciclo deverá ampliar em 12,9% a produção ao atingir 24,13 milhões de t.

Como destacam os analistas do Imea, a consolidação da quebra de safra de soja nos Estados Unidos, cuja projeção indica uma redução de produção de 13,8% e um estoque apertado de passagem, abre as portas do mercado para o próximo produtor na escala de plantio, a América do Sul. “Nesse contexto, todas as informações referentes ao desenvolvimento das lavouras, principalmente no Brasil e na Argentina, interferirão na cotação da soja em Chicago nos próximos meses”.

A força do mercado de clima, como exemplifica o Imea, já pôde ser notada recentemente. “Com a chegada da chuva e o início ou a continuidade do plantio nas principais regiões produtoras sul-americanas na última semana, houve pressão de queda sobre o valor da oleaginosa na Bolsa de Chicago”.

MATO GROSSO - Os preços de soja para entrega em março/13, em Mato Grosso, seguiram oscilando pouco durante a semana. O enfraquecimento dos negócios está gerando morosidade no acompanhamento do mercado internacional, que ultimamente tem oscilado com grande expressão. A média de preço em Rondonópolis foi de R$ 58/saca, saca de soja que começou a semana valendo R$ 58 e encerrou cotada a R$ 57,50. Na maioria dos municípios os preços apresentaram a mesma desaceleração. Em Sorriso e Sapezal o preço da saca da soja reduziu 2,8%, e encerrou a semana cotada a R$ 51,50 e R$ 52, respectivamente. Em Sinop e Campo Novo do Parecis o preço caiu 1,9%, e fechando a semana cotado a R$ 51,70/saca nas duas localidades. O preço médio da soja mato-grossense é de R$ 53,21/saca.

EUA
- A colheita da soja nos Estados Unidos tem avançado de forma significativa e o mercado reage em função dessa evolução. De acordo com o Departamento de Agricultura do país (Usda, sigla em inglês), houve um aumento de 82% na quantidade colhida do grão no final de setembro ante o mesmo período do ano passado. Até agora, 22% estão colhidos e em 2011 esse número representava 4%. Dos principais estados, Mississipi lidera com 62% de área colhida, seguido por Louisiana, com 60%. Nebraska e South Dakota, que em 2011 haviam colhido apenas 1% da área neste período, hoje apresentam 19% e 47%, respectivamente. Apesar do avanço na colheita, apenas 29% das lavouras são consideradas em boas condições, redução de 33% em relação ao ano passado.

Fonte: Diário de Cuiabá

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