Soja

Restam menos de 370 mil t de soja em Mato Grosso

Comercialização e escoamento em velocidade recordes minaram oferta do grão e estoque é o menor em 4 anos


Publicado em: 16/07/2012 às 13:40hs

Restam menos de 370 mil t de soja em Mato Grosso

Mato Grosso está com o menor estoque de soja já visto nos últimos quatro anos. Na prática, quase não há mais soja da safra 2011/12, encerrada no último dia 30 de junho, para ser comercializada no Estado. Conforme levantamento realizado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a pedido do Diário, de uma safra histórica de 21,36 milhões de toneladas (t), restam cerca de 363 mil t, já que até junho 98,3% da produção estavam vendidos.

Como frisa o Imea, os estoques em junho nunca foram tão baixos, analisando os últimos quatro anos, período marcado por ciclos gigantescos, onde cada safra superou a temporada imediatamente anterior.

Em junho de 2009, o estoque teórico nas mãos dos produtores era de 1,92 milhão/t. Em 2010, havia 3,05 milhões/t, em 2011, 2,16 milhões. Na comparação com os volumes atuais, houve uma queda de cerca de 17% nos estoques de passagem de um ciclo ao outro, enquanto que a produção aumentou em 3,98%, passando de 20,56 milhões/t em 2010/11 para 21,36 milhões/t.

Somente no mês de julho, o preço médio ao grão disponível, em Mato Grosso, está em R$ 64/saca (recorde), valorização de 66,2%, em relação ao valor da cotação em igual período de 2011, quando a média era de R$ 38,50/saca. Questionado sobre a influência da falta do grão sobre o mercado futuro, Noronha explica que o impacto começa a ser observado nas cotações, o que também acelera as vendas da safra 2012/13. “O preço futuro, para a safra 2012/13, já ultrapassa R$ 50/sc na maioria das regiões de Mato Grosso, valor que não era observado nem nos melhores preços do mercado disponível da safra 2011/12”, o analista do Imea, Cleber Noronha.

Ele acredita que o aumento dos preços no mercado interno não surtirá efeito sobre a remuneração final da safra 2011/12, em função do pouco produto a ser comercializado a partir de agora, “no entanto, poderão influenciar na elevação dos preços futuros para a safra 2012/13 e o produtor está atento”, avalia Noronha. O produtor está tão atento, que um novo recorde foi quebrado em junho. As negociações futuras estão 27,5 pontos percentuais à frente do que o visto em junho de 2011, de 20,8% da estimativa de safra vendida, para atuais 48,3%. O detalhe é que a projeção para 2012/13 é de mais um volume inédito, 23 milhões/t. A dispara na aquisição antecipada é resposta às perspectivas de mais um ano de estoques apertados em 2013.

ENTRESSAFRA - A temporada mato-grossense 2011/12 que começou com vendas futuras aceleradas - ainda em março de 2011 – e plantio antecipado graças ao bom volume de chuvas, só podia terminar antes do tempo. “Com a continuidade dos preços altos, esse volume a comercializar será zerado em breve”, sentencia Noronha.

Com a escassez de oferta no Estado, que é o maior produtor de soja do mundo e que participa com 9% do volume negociado no mundo, amplia-se o período de entressafra já que o novo grão, da safra 2012/13, só estará disponível de meados de janeiro de 2013 em diante, conforme as lavouras precoces forem sendo colhidas.

Até lá, o mercado promete preços remuneradores, uma vez que a estimativa de demanda segue crescente e a oferta, prejudicada não apenas pela quebra da safra sul-americana que pode ter tirado do mercado um Mato Grosso de soja em função das quebras por questões climáticas como também por causa das dificuldades enfrentadas pelos produtores norte-americanos que sofrem com seca no meio oeste do país. Todos os grandes produtores mundiais, pela ordem, Estados Unidos, Brasil e Argentina, tiveram um 2012 marcado por frustrações decorrentes de seca, e no caso do Brasil, agravado ainda pelo ataque severo da ferrugem asiática nas lavouras mato-grossenses.

Enquanto o preço internacional dispara e rompe limites quase que diários, os mato-grossenses aproveitam a dobradinha com a valorização do dólar - que injeta alguns reais a mais no preço final da saca - e rezam para que o clima permita recorde preços e de produção.

Fonte: Diário de Cuiabá

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