Soja

Programa destaca alto potencial de Rondônia para produção de soja não transgênica

De fevereiro a março deste ano a Embrapa e parceiros realizaram em Rondônia os dias de campo do Programa Soja Livre


Publicado em: 21/03/2012 às 17:45hs

Programa destaca alto potencial de Rondônia para produção de soja não transgênica

De fevereiro a março deste ano a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e parceiros realizaram em Rondônia os dias de campo do Programa Soja Livre, oferecendo aos produtores opções de escolha de soja convencional (não geneticamente modificada), que possui mercados específicos na Ásia e na Europa, os quais Rondônia tem grande potencial para atender.

O diretor executivo da Associação Brasileira de Produtores de Grãos Não Geneticamente Modificados (Abrange), Ricardo Tatesuzi, destaca um nicho de mercado atrativo para a soja convencional. “Rondônia tem potencial para atender mercados que estão exigindo a soja livre de transgênicos, como o europeu e asiático, e é importante que o produtor conheça as exigências, assim como os processos de negociação para que possam atuar de forma mais eficiente e competitiva”, afirma Tatesuzi, reforçando ainda uma vantagem do estado. “Hoje mais de 95% da produção de soja em Rondônia é convencional, o que facilita a segregação e diminui a possibilidade de contaminação com a soja transgênica, atendendo as especificações internacionais para a exportação do produto”, argumenta.

Outro ponto positivo é a facilidade para o escoamento da produção. “O estado conta com uma vantagem logística para a exportação do grão, que é o Porto Graneleiro de Porto Velho, por onde escoa a soja convencional de Rondônia e de parte do Mato Grosso. Isso representa menor custo e maior ganho aos produtores rondonienses”, detalha o pesquisador da Embrapa, Rodrigo Brogin.

A iniciativa realizada no estado é destacada pelo pesquisador da Embrapa, Samuel Oliveira, ressalta. “O Programa Soja Livre superou as expectativas. A Embrapa se antecipou, trazendo tecnologia da soja para o Rondônia, onde os produtores ainda estão iniciando nesta cultura. Chegamos na hora certa, oferecendo aos produtores opções de escolha, resultado de anos de pesquisa em melhoramento genético”, enfatiza.

Rondônia atrai sojicultores de outros estados   

Durante os dias de campo, cerca de 600 produtores, técnicos da extensão rural e estudantes compareceram aos cinco eventos, realizados em nas Unidades Demonstrativas do Programa em Vilhena, Porto Velho, Castanheiras, Cerejeiras e Ariquemes. Os participantes conheceram as 18 cultivares de soja convencional desenvolvidas pela Embrapa como parte de uma proposta de produção sustentável e economicamente viável para Rondônia.

O sojicultor Gilmar Menegat chegou à Ariquemes há menos de um ano para cultivar soja, como fazia no Paraná. "Preciso conhecer as cultivares mais adaptadas e recomendadas para o estado. Vim para Rondônia porque aqui possui áreas novas para a agricultura e acredito que com a soja terei possibilidade de crescer e, com certeza, trarei minha família para cá. A soja em Rondônia ainda é novidade e tem um futuro promissor para o desenvolvimento do estado", completa.

O produtor Cláudio Ramos, de Dourados (MS), conta que está em busca de boas áreas para a produção do grão em Rondônia. “Estou encantado com a soja daqui, que em produtividade não deixa a desejar em comparação com outras regiões tradicionais em soja no Brasil. Estou avaliando a possibilidade de vir para Rondônia e o dia de campo me trouxe ainda melhores perspectivas”, diz o produtor.

O mato-grossense Paulino Bulla é empresário e está apostando na soja. “Trabalho com defensivos agrícolas e sementes aqui no estado e estou impressionado com a qualidade das cultivares de soja convencional apresentadas pela Embrapa. Vendo a qualidade dessas cultivares posso dizer que Rondônia tem potencial competitivo para a soja”, ressalta Paulino.

Pecuaristas veem na soja potencial para recuperação de áreas degradadas

O estado possui cerca de 1 milhão de hectares de áreas de pastagens degradadas com potencial para o plantio de soja, explica o pesquisador da Embrapa, Vicente Godinho. “A soja traz um grande benefício para a atividade pecuária, pois o manejo adotado para esta cultura recupera o solo para uma pastagem com maior capacidade de suporte de animais por área, o que torna a soja atrativa para a região”, complementa o pesquisador.

“Sou empresário e pecuarista em Castanheiras e já estou começando uma pequena produção de soja para recuperação de áreas de pastagens degradadas. Com a soja quero recuperar o solo, melhorar a pastagem e, conseqüentemente, os resultados na pecuária”, conta Norberto Amaral.

A soja e a fixação biológica do nitrogênio

De acordo com o pesquisador Samuel Oliveira o Programa e os dias de campo demonstram que a Embrapa é capaz de conciliar a recuperação de áreas degradadas e a geração de emprego e renda com práticas ambientais. É o caso da tecnologia agroecológica desenvolvida pela Embrapa para a fixação biológica do nitrogênio, através do "rizóbio", presente em nódulos na raiz da soja. "A proposta do Programa Soja Livre é produzir mais em menor área, recuperando áreas degradadas e diminuindo a pressão sobre a floresta", resume o pesquisador.

Na soja, ocorre uma simbiose com bactérias de espécies Bradyrhizombium japonicum e Bradyrhizobium elkanii (chamadas de “rizóbio”) que são capazes de formar nódulos nas raízes, onde captam o nitrogênio atmosférico (N2), que também ocupa os espaços porosos do solo e que, após a sua redução em formas assimiláveis, poderão ser utilizados pela planta. Em troca, a planta fornece à bactéria energia obtida através da fotossíntese. Assim, forma-se uma perfeita associação, sendo planta e bactéria mutuamente favorecidas.

Programa Soja Livre

O Programa Soja Livre em Rondônia é resultado da parceria entre Embrapa, Associação Brasileira de Produtores de Grãos Não Geneticamente Modificados (Abrange), Associação dos Produtores de Soja de Rondônia (Aprosoja/RO) e parceiros como a Boa Safra Produtos Agropecuários, o Grupo AMaggi, a Sementes Quati e o Instituto Federal de Rondônia.

Fonte: Embrapa Rondônia

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