Soja

Prejuízos de até R$ 1 bi com a ferrugem asiática em MT

Doença pode ter deixado lastro bilionário no Estado. Região norte teve perdas de até 10% em relação a 10/11


Publicado em: 09/05/2012 às 16:00hs

Prejuízos de até R$ 1 bi com a ferrugem asiática em MT

Os prejuízos contabilizados nas lavouras de soja nesta safra (2011/12), em Mato Grosso, por conta da ferrugem asiática, podem chegar até a R$ 1 bilhão. O avanço da doença no Estado e as alternativas para o combate foram amplamente debatidos durante o Circuito Aprosoja, realizado na noite da última segunda-feira, no Sindicato Rural de Sinop, cidade localizada a 503 quilômetros ao norte de Cuiabá.

A região foi uma das mais afetadas pelo fungo Phakopsora pachyrhizi que ataca as lavouras e impacta no desenvolvimento das plantas, reduzindo a produtividade. Os problemas associados à doença e ao clima contribuíram para baixar a produção da safra 2011/12, antes estimada pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) em 22 milhões de toneladas e que se confirmou em 21,3 milhões de toneladas.

O impacto da ferrugem sobre a produtividade - que é o resultado final do que o agricultor colhe por hectare plantado – deixou como saldo uma média de aproximadamente 3.000 kg por hectare ou 50 sacas por hectare. Na safra passada, os agricultores de Mato Grosso obtiveram uma produtividade média de 53 sacas por hectare.

O diretor da Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja/MT), Antônio Galvan, destacou que a produtividade nas lavouras da região norte reduziu em mais de 10% se comparado à safra passada. “Perdemos em média de sete a dez sacas por hectare na região”, ressaltou Galvan.

Segundo o presidente da Aprosoja/MT, Carlos Fávaro, a severidade da ferrugem asiática nas lavouras de Mato Grosso só tinha sido vista assim no início dos anos de 2000. “Tivemos anos muito tranquilos de controle da ferrugem e este ano o clima foi muito propício à disseminação, ocasionando uma proliferação maior do fungo nas lavouras. As perdas são calculadas em cima do que o agricultor deixou de colher e com os custos redobrados para aplicação de fungicidas”, disse Fávaro.

O coordenador da Comissão de Defesa Sanitária Vegetal de Mato Grosso, Wanderlei Guerra, enumera alguns fatores que podem ter contribuído para um ataque mais severo da doença nesta safra no Estado. “Sem dúvida as condições climáticas nesta safra foram mais favoráveis ao fungo do que nos dois últimos anos. Tivemos um excesso de chuvas e muita nebulosidade, o que ocasiona o clima úmido, ideal para proliferação do fungo, e dificulta as aplicações de fungicidas. A tranqüilidade dos anos anteriores também pode ter sido um fator de descuido por parte de alguns produtores e técnicos. Além disso, não descartamos a ineficiência de alguns produtos utilizados no combate à ferrugem”, frisou Guerra.

Estima-se que nos últimos dez anos, desde a chegada da doença fúngica ao Brasil até agora, as perdas relativas à doença somam US$ 19,7 bilhões, dos quais US$ 8 bilhões contabilizados em Mato Grosso.

CIRCUITO - Considerado o maior evento do calendário agrícola do Estado, o tema central do Circuito Aprosoja – que chega a sua 7ª edição - é sucessão familiar. “É um tema que precisa ser discutido entre as famílias para que os negócios se perpetuem de forma responsável e viável. Nossa intenção é despertar o interesse dos produtores para o assunto, motivando-os a planejar a transição dos negócios”, disse Carlos Fávaro, completando que a maneira de se implementar a sucessão sem traumas e brigas será apresentada no decorrer do ano aos interessados. A expectativa é que 3,5 mil pessoas participem do evento nos 22 municípios onde serão apresentadas as palestras.

Fonte: Diário de Cuiabá

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