Publicado em: 20/06/2013 às 10:00hs
Pelos próximos quatro anos eles reduziriam de R$ 115/ha para R$ 96,50/ha, segundo sojicultores do estado. O 'desconto' seria uma forma de diluir o que a empresa teria cobrado indevidamente pela RR 1 desde 2010, conforme argumento dos agricultores que discutem essa cobrança na Justiça.
Mas em troca deste 'benefício' o produtor rural terá que abrir mão da disputa na Justiça em que pede a devolução dos valores pagos, ou seja, mais de R$ 200 milhões. O próprio Superior Tribunal de Justiça (STJ) já deu por encerrada a possibilidade da empresa ampliar a patente da soja transgênica RR. A multinacional foi procurada pelo Agrodebate, mas não deu detalhes do acordo que propôs aos sojicultores.
Em Cuiabá (MT) nesta terça-feira (18), um encontro a portas fechadas marcou a primeira tentativa dos produtores rurais de deliberar a proposta da companhia. Sem acordo, uma nova discussão foi reagendada para a próxima terça-feira. Agricultores querem levar para as bases sindicais a proposta e discuti-la nos polos agrícolas.
"Há uma insegurança e queremos saber se esta nova tecnologia vai funcionar. Cautela é preciso, pois como fazer um acordo sem saber se esta tecnologia vai funcionar?", questionou Leonildo Bares, presidente do Sindicato Rural de Sinop, ao deixar a reunião em Cuiabá.
A soja RR 2 Pró foi produzida para ser eficaz contra as principais lagartas da lavoura. No caso da soja, a lagarta da soja, a falsa medideira, broca das axilas, lagarta das maças. Além disso, apresenta também resistência ao herbicida glifosato, segundo a Monsanto. A empresa aposta em ganhos de renda em até R$ 347 por hectare a partir da diminuição na aplicação de inseticidas (4 vezes menos) e produtividade (6,5 sacas a mais por ha).
Mas mesmo os atrativos ainda precisam ser comprovados, antes de se referendar quaisquer acordos, avaliam os produtores mato-grossenses. "Existe uma tecnologia, mas existem realidades diferentes, uma natureza que muda. Não podemos ficar refém", afirma ainda Leonildo Bares, de Sinop.
O mesmo entendimento é do presidente do Sindicato Rural de Porto Alegre do Norte, Édio Brunetta. "Não sabemos quais serão os resultados desta nova tecnologia", pontuou ainda. A abrangência de cobrança dos royalties também é questionada. Isto porque, justificam os agricultores, a taxa na moega levaria em conta o uso da nova tecnologia em 100% da área plantada, quando, afirmam os produtores, ela estaria presente em 80% das fazendas, já que 20% das lavouras serão usados na forma de refúgio.
A própria multinacional orienta que as áreas de refúgio para tecnologia INTACTA RR2 PRO™ devem ser de soja não Bt cultivadas na proporção de, pelo menos, 20% da área total plantada com soja. O produtor rural Antônio Galvan, também vice-presidente do Sindicato Rural de Sinop, defende acordos documentados. "Só acredito nesta proposta quando a ver. Estamos discutindo o futuro da soja", afirmou.
Em Mato Grosso, maior parcela das áreas destinadas à oleaginosa é ocupada pela transgenia. Entre as safras 2010/11 e 2011/12 o percentual cresceu de 57% para 70%. Em números, avançou de 3,7 milhões de hectares para quase 5 milhões de hectares, conforme o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
A soja RR2 vai substituir a primeira geração da família Intacta, mas seu cultivo em escala comercial ainda não iniciou no Brasil até que houvesse aval da China para aprovação deste grão.
Fonte: Agrodebate
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