Soja

África se torna nova aposta

Grupo cultiva soja e algodão em países daquele continente e tem bom resultado


Publicado em: 15/06/2012 às 12:10hs

África se torna nova aposta

Produção agrícola no continente africano foi debatida durante o 6º Congresso Brasileiro de Soja nessa quarta-feira (13), em Cuiabá. Experiência tem despertado o interesse de um número cada vez maior de produtores mato-grossenses, que têm no grupo Pinesso um dos pioneiros na produção naquele país. Em Mato Grosso o grupo cultiva 120 mil hectares com soja, milho e algodão, além de produzir nos estados de Mato Grosso do Sul e Piauí.

Expansão para o continente africano aconteceu em 2009 por meio de projeto piloto, numa área de 500 hectares, divididos entre 400 (ha) de algodão e 100 (ha) de soja, após convite do governo sudanês. Nesta safra, o plantio de soja e algodão (que começou esta semana) irá envolver 35 mil hectares, sendo 30 mil (ha) no Sudão e 5 mil (ha) em Moçambique, informa o diretor agrícola do grupo Pinesso, Luiz Carlos Bueno.

Maior ocupação territorial no Sudão foi possível, acrescenta, por causa do apoio oferecido pelo governo daquele país. Porém, a produtividade é menor na região, rendendo em média 30 sacas de soja por hectare, enquanto em Moçambique chega a 50 sacas/ha, sem a utilização de tecnologia. “O solo é semelhante ao de Sorriso e Lucas do Rio Verde”. De acordo com Bueno, as condições são mais favoráveis à produção em Moçambique, onde a população tem direito à propriedade privada, ao contrário do Sudão, país onde as terras pertencem ao governo.

Além disso, não há a barreira do idioma, já que a população local fala o português, enquanto os sudaneses se comunicam em inglês e árabe. “Mas para se instalar lá é preciso estabelecer parcerias antes, para evitar riscos”. Parceria tem envolvido a troca de experiências entre os produtores e pesquisadores africanos e brasileiros. “Há mais ou menos uns 15 dias um grupo de sudaneses visitou as lavouras de Campo Verde”. Quanto à rentabilidade, o diretor agrícola afirma que varia entre US$ 400 e US$ 650 por hectare.

Para o diretor da TechnoServe, Luís Pereira, uma das principais vantagens em produzir na África é a proximidade com os mercados consumidores, especialmente a China, a partir da Costa Leste do continente. Acrescenta que em Moçambique há muitas propriedades disponíveis para o plantio de soja, mas não em terras contínuas, como se vê em Mato Grosso. Previsão é que nos próximos 5 anos a produção da oleaginosa no país alcance 60 mil toneladas ao ano, com apoio do Programa de Desenvolvimento da Agricultura nas Savanas Tropicais de Moçambique (Prosavana), destinado a incrementar a capacidade de pesquisa e difusão tecnológica para o desenvolvimento agrícola.

“Mas mesmo duplicando a produção ainda haverá carência no mercado interno”. Estimativa é que até 2020 tanto Moçambique quanto os países vizinhos continuarão a importar soja. Atualmente a maior parte do consumo doméstico é garantido por empresas avícolas e fabricantes de ração. “Existem dificuldades logísticas, mas está melhorando”.

Fonte: Gazeta Digital

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